Buscar no Cruzeiro

Buscar

Gripe Espanhola parou o futebol há 102 anos

01 de Maio de 2020 às 00:01

Gripe Espanhola parou o futebol há 102 anos Friedenreich, do CAP, astro do Paulista de 1918. Crédito da foto: Reprodução / Instagram

A Gripe Espanhola matou cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, 35 mil no Brasil e 5.331 na cidade de São Paulo -- o equivalente a 1% da população da capital paulista -- entre 13 de outubro e 20 de dezembro de 1918. Assim como acontece nos dias atuais com a Covid-19, o futebol foi um dos eventos afetados pela pandemia. Nove dos dez clubes que disputaram a sexta edição do Campeonato Paulista precisaram ter paciência para esperar o surto passar, deixaram de jogar algumas partidas e só voltaram a campo quando houve condições seguras de saúde tanto para os jogadores como para a torcida. O Palestra Itália, o atual Palmeiras, abandonou a disputa na sexta rodada, descontente com a atuação da arbitragem.

O campeonato, disputado de 27 de abril de 1918 a 19 de janeiro de 1919, foi vencido pelo Clube Athletico Paulistano, liderado pelo astro Friedenreich, que faturou o tricampeonato consecutivo e ainda seria tetra na edição seguinte. Naquela pandemia, o Paulistão ficou paralisado por três meses e quando os jogos foram retomados apenas os times que tinham chance de título seguiram na disputa. O Paulistano terminou com os mesmos 26 pontos do Corinthians, mas disputou 16 jogos contra 17 do rival, além de ter maior número de vitórias (13), mais gols marcados (68), menos gols sofridos (14) e melhor saldo (54) No confronto direto, cada time ganhou uma vez.

A sede social do Paulistano, além de receber a taça pelo título paulista, também foi usada como hospital de campanha para ajudar a cuidar da enorme quantidade de doentes na cidade, mesma atitude tomada pelo Palestra Itália.

“O vírus da Gripe Espanhola teria vindo ao Brasil e chegado ao Rio de Janeiro pelo navio Demerara, vindo de Liverpool, com escalas em Lisboa, Recife e Salvador”, conta Ronan de Oliveira Cordeiro, de 35 anos, professor de História, com bacharelado e licenciatura pela USP e pós-graduação pela PUC-SP.

Segundo Ronan, isolamento social, fechamento do comércio, de clubes, teatros, restaurantes e proibição de reuniões também foram adotados naquela época. Os gelados, precursores do sorvete, não eram indicados. Os cemitérios do Araçá, Penha, Brás e Consolação tiveram iluminação para que os coveiros pudessem trabalhar à noite. (Estadão Conteúdo)