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Pandemia impõe novos desafios a Lucas Oliveira, do Magnus Futsal

31 de Maio de 2020 às 00:01

Goleiro a distância Conforme o atleta, paralisação dos treinos coletivos com bola é a maior dificuldade enfrentada pelos arqueiros. Crédito da foto: Guilherme Mansueto / Divulgação Magnus Futsal

O esporte de alto rendimento foi e continuará sendo muito afetado por conta da pandemia do novo coronavírus. O primeiro impacto observado é no aspecto econômico, por conta da paralisação de todas as atividades, mas também haverá efeitos na performance dos atletas. Com a impossibilidade da realização de atividades coletivas, clubes buscam alternativas para manterem os seus jogadores, pelo menos, em movimento.

O Magnus Futsal treina através de uma plataforma de videoconferência, com os seus jogadores em casa. A intenção é manter um mínimo possível de condicionamento físico. A bola não é vista há mais de dois meses e os treinamentos técnicos e táticos não acontecem. Para isso é preciso se adaptar -- mesmo que seja em uma posição que exige atividades muito específicas, como os goleiros.

“É muito difícil fazer um treinamento específico em casa, mas estamos conseguindo adaptar alguns exercícios técnicos e coordenativos, praticamente um específico sem bola”, contou o goleiro do time sorocabano, Lucas Oliveira. Entre as especificidades dos treinos da posição, existem os exercícios que visam aumentar a capacidade de reagir rapidamente. São as chamadas defesas no reflexo, aperfeiçoadas com movimentos que trabalham um melhor tempo de reação.

“Essa é a característica mais difícil de ser treinada dentro de casa, particularmente tenho tentado adaptar algumas situações, com a ajuda da minha esposa, chutando a bola na parede, mas com certeza todos os goleiros estarão mais ‘lentos’ na reação”, avaliou.

As atividades paralisadas não afetam apenas os clubes economicamente e os atletas na questão física. As rotinas com treinos de alta intensidade foram cessadas inesperadamente. A saúde mental também é uma preocupação. “No começo fiquei bem estressado por alguns dias, mas depois acabei arrumando algumas atividades que normalmente não tenho tempo mas gosto, como mexer no carro, para tentar ter alguma forma de realização”, confidenciou.

Mas a questão é muito mais complexa. Até mesmo a exigência por resultados e performance acaba fazendo falta. “É claro que todos os dias eu sinto falta de toda a intensidade e até da cobrança diária que a gente convive”, falou Lucas.

Controle

Além de todas essas questões, o goleiro do time sorocabano convive com a diabetes. Diagnosticado aos 11 anos com a doença tipo 1, a atividade física o ajuda a manter os níveis de glicemia controlados. Eleito o melhor da posição na competição do ano passado, o bicampeão mundial também se mantém atento para não aumentar a sua alimentação nesse período, já que dentro de casa é natural recorrer à comida como um refúgio.

“É mais difícil porque, ficando dentro de casa, o normal é recorrer a comida como uma válvula de escape, e tento me policiar nisso. Mas como treinamos diariamente, isso ajuda muito a controlar a glicemia”, contou.

Em meio a crise e preocupações com a saúde, Lucas consegue analisar de maneira bem-humorada a distância dos treinamentos. Sem entrar em quadra, ele fica longe dos fortes chutes do capitão Rodrigo e de sofrer o que tenta sempre evitar: o gol. “Nesse frio principalmente, eu sinto um pouco menos de falta das boladas. Mas tem um lado bom em tudo isso, eu brinco que nunca fiquei tanto tempo sem tomar um gol”, brincou o goleiro sorocabano. (Zeca Cardoso)