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COI admite problemas para Tóquio-2021

23 de Maio de 2020 às 00:01

COI admite problemas para Tóquio-2021 Crédito da foto: Philip Fong / AFP

O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, que foram adiados para 2021 por conta da pandemia do novo coronavírus, está passando por problemas para organizar a competição. Quem admitiu isso foi John Coates, presidente do Comitê Olímpico Australiano (AOC, na sigla em inglês) e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI).

“Enfrentamos problemas reais, temos muita gente envolvida: 11 000 atletas de 206 países, 5.000 técnicos e oficiais, 20.000 jornalistas, 4.000 pessoas envolvidas na organização e 60.000 voluntários”, afirmou Coates, ontem, em uma conferência organizada pelo grupo de comunicação News Corp.

Coates, que já ocupou o cargo de vice-presidente do COI, fez questão de ressaltar que não há a possibilidade de adiar a competição para depois do verão, no hemisfério norte, de 2021. “Não podemos adiar mais a competição e devemos partir do princípio de que não haverá uma vacina contra o novo coronavírus. Ou, caso exista, não estará disponível para todos”, disse o dirigente, que preside o Comitê de Coordenação do COI para os Jogos de Tóquio-2020.

A opinião de Coates bate com a do alemão Thomas Bach, presidente do COI, que admitiu nesta semana que os Jogos Olímpicos podem ser cancelados caso a pandemia da Covid-19 não seja controlada até o meio do ano que vem -- o evento está marcado para acontecer de 23 de julho a 8 de agosto. A ideia dos dirigentes é realizar em outubro encontros para definir políticas sanitárias para a Olimpíada.

Já o diretor executivo do Comitê Organizador Local, Toshiro Muro, afirmou que nem este órgão, nem mesmo o governo japonês, disseram em algum momento que 2021 era a “última opção” para que se realizassem os Jogos.

Cancelamento encerrará sonho olímpico de veteranos

O adiamento da Olimpíada de Tóquio para 2021 mudou os planos de todos os atletas, sobretudo os veteranos. Para estes, se os Jogos vierem mesmo a ser cancelados, será o fim do sonho olímpico. No limite da idade para competir em alto nível, suas chances de participar da disputa de Paris, em 2024, são praticamente nulas.

É o caso do velejador Robert Scheidt, de 47 anos, referência do Brasil na modalidade e dono de cinco medalhas olímpicas. Daqui a quatro anos, será muito difícil para ele, apesar de toda técnica e experiência, competir na França. O velocista norte-americano Justin Gatlin -- campeão olímpico dos 100 metros em Atenas-2004 -- pretendia se aposentar neste ano e vai esperar para se despedir em 2021, quando estará com 39 anos. Se a competição em Tóquio for cancelada, ele não deverá prolongar seu adeus às pistas.

Allyson Felix, outra representante do atletismo dos EUA, estabeleceu os Jogos de Tóquio como sua competição final após quatro participações. Em 2021 ela terá 35 anos e, após ser mãe em dezembro de 2018, os planos de disputar sua quinta Olimpíada passam por uma vida dupla de treinos e dedicação à filha.

Um cancelamento de Tóquio-2021 também deverá privar o universo olímpico de pelo menos dois outros grandes atletas: Tiger Woods e Pau Gasol. Lenda do golfe, Woods tem 45 anos e busca sua primeira participação em Jogos Olímpicos. Contundido, ele até lucrou com o adiamento, mas esperar até Paris não deve fazer parte das suas ambições.

Gasol, de 39 anos, conquistou quase tudo em sua carreira no basquete. Falta apenas o ouro olímpico, mas repetidas lesões e processos de recuperação física deixam o atleta cada vez mais perto da aposentadoria e ele não deverá ter condições físicas para esperar até 2024. (Ciro Campos e Felipe Rosa Mendes - Estadão Conteúdo)