Ateliês de costura voltam a ganhar destaque no Brasil: entenda por quê
Quem acha que ir à costureira é algo ultrapassado está muito enganado. Nos últimos tempos, a busca por pessoas que trabalham com costura tem se tornado cada vez maior. Um dos principais motivos é a possibilidade de conseguir peças exclusivas, sob medida e de acordo com seu próprio estilo.
Pesquisas apontam, por exemplo, para um ressurgimento desse tipo de mercado. Para se ter uma ideia, o setor de costura está entre os de maior potencial de expansão, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Unido à questão da exclusividade está o consumo sustentável e consciente. Cada vez mais pessoas têm optado por alternativas à chamada fast fashion, ou moda rápida.
Roupas personalizadas
A fabricação de roupas por costureiras, no Brasil, era algo muito mais comum antigamente do que hoje em dia. Até a década de 1970, os chamados ateliês de moda eram populares em todo o país e uma das formas mais comuns de se conseguir uma roupa nova, tanto feminina quanto masculina.
A partir daí esse quadro foi se alterando graças à chegada de roupas muito mais baratas vindas, principalmente, da China. É a chamada fast fashion que iria, pouco a pouco, se consolidando como forma preponderante de se comprar roupas.
Se por um lado, esse tipo de roupa tem um valor bem mais em conta, por outro, elas acabam tendo uma qualidade inferior. Exatamente porque sua produção é feita de forma massiva, o que significa várias peças iguais espalhadas pelas lojas.
Ao contrário desse tipo de indústria, as roupas produzidas em ateliês seguem um ritmo muito mais próximo do artesanal, já que são produzidas com muito mais exclusividade aos clientes.
Nos ateliês de moda você pode escolher tanto o modelo quanto o tecido usado para sua fabricação. Inclusive, você tem a opção de levar o tecido, assim como era feito antigamente.
Crédito: divulgação
Consultoria de estilo
Antes as costuras eram feitas majoritariamente de acordo com moldes de revistas, algo muito mais “copiado e colado”. Isso parece ter mudado um pouco, já que agora existe um cuidado maior na criação de peças de acordo com a personalidade e o gosto do cliente.
É como se a costureira atuasse como uma verdadeira estilista particular, dando dicas sobre modelos, tecidos e cortes de acordo com o corpo e com o estilo da pessoa.
Estilo Vintage em alta
“Reaproveitar” é a palavra-chave de quem deseja reformar uma roupa antiga. Quem deseja seguir o estilo vintage, por exemplo, tem muito a ganhar procurando uma boa costureira. Isso porque esse movimento no mundo da moda passa exatamente pela reutilização de peças antigas.
O vintage traz de volta saias, vestidos, blusas, lenços, e todo tipo de peça original usada nas décadas passadas. Por isso mesmo, podem ser roupas herdadas de alguém da família ou até mesmo encontradas em brechós.
O interessante aqui é trazer para a atualidade aquilo que era considerado ultrapassado, ou seja, dar uma nova vida a essas peças.
Direta ou indiretamente, a consciência de sustentabilidade também se faz presente nesse ato de reaproveitar roupas antigas. Porque ao invés de comprar, quem reutiliza essas peças está dando um novo destino para roupas que, provavelmente seriam descartadas ou simplesmente guardadas sem utilidade.
Logo, você acaba contribuindo com o meio ambiente ao reutilizar peças e diminuir o consumo de novas roupas.
Maior demanda por cursos e crescimento do mercado
Um dos fatores que apontam para essa retomada dos ateliês no Brasil é o crescimento de cursos de corte, costura e modelagem. Para se ter uma ideia, escolas preparatórias de São Paulo e Porto Alegre tiveram um crescimento de mais de 50% em 2017.
Antigamente, costurar era algo próprio das donas de casa, mas, o perfil de quem procura por esses cursos tem mudado. Hoje, fazer um curso desse tipo é tanto uma demanda para atender um hobby, quanto uma nova forma de empreender no mercado da moda.
Além disso, é preciso considerar que o mercado da moda está sempre se reinventando, e a volta dos ateliês de costura faz parte desse processo.
O relatório de negócios promissores em 2018, do Sebrae, aponta que o setor de confecção de roupas personalizadas faz parte daqueles com maior potencial de expansão e recuperação do mercado interno brasileiro.
A união da sustentabilidade a uma estética mais personalizada faz com que o mercado da costura tenha tudo para ganhar ainda mais espaço nos próximos anos.