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Crescimento populacional

Encontro de animais silvestres é cada vez mais comum nas áreas urbanas

Especialista explica que crescimento das cidades aumenta pressão sobre a fauna local

22 de Janeiro de 2023 às 00:01
Thaís Marcolino [email protected]
Ações da Polícia Ambiental também coíbem a criação de animais silvestres em cativeiro
Ações da Polícia Ambiental também coíbem a criação de animais silvestres em cativeiro (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Com o aumento das áreas urbanas ao longo dos anos, uma cena que se torna cada vez mais comum é a do aparecimento de animais silvestres nessas regiões. No começo do mês, por exemplo, uma cobra da espécie jararaca-da-mata assustou os moradores do bairro Jardim Flora em Araçoiaba da Serra, que rapidamente chamaram a Defesa Civil do município. A cobra foi resgatada e devolvida ao seu habitat natural em seguida.

“Esta situação está se tornando mais comum, pois nossas áreas urbanas tem crescido em velocidade rápida, assim, acabam por invadir as áreas de fragmento de matas e ficam mais próximas de grandes áreas verdes, fazendo pressão sobre a fauna local, que acaba por “invadir” as áreas urbanas, sendo que na verdade, nós que tomamos as áreas dessa fauna”, explica o biólogo Hélio Rubens Jacintho Pereira Jr.

Assim, o caso de Araçoiaba não é o único da região. Segundo levantamento da Polícia Ambiental do Estado de São Paulo, nos últimos dois anos, foram resgatados 137 animais na Região Metropolitana de Sorocaba, composta por 22 municípios atendidos pelo órgão. Isso dá uma média de 5,7 resgates por mês. Entre os animais que mais aparecem nessas áreas estão as aves, como maritacas, raposas e corujas. E como não fazem parte dos bichos com que os humanos têm mais convívio, algumas vezes as pessoas acabam os ferindo por medo ou receio de que tenham alguma reação que os machuquem.

A prática é errada e criminosa, de acordo com a Lei n° 9.605 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Para especialistas, além da prática atingir a esfera penal, provoca um desequilíbrio futuro ao ambiente, pois o animal também pode estar em risco de extinção.

Por isso que, quando encontrado, seja próximo da residência ou observado fora de seu habitat de costume, o primeiro de tudo é deixar o bicho quieto no local e observar à distância, chamar os órgãos competentes do município, como Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental e Zoonoses, que têm a conduta correta a ser tomada nessas ocasiões.

“Se morar perto de áreas verdes, outras orientações está em sempre olhar armários, caixas e sapatos com um certo cuidado para não ter uma surpresa desagradável. Geralmente os animais gostam de ambientes escuros. Também não é bom alimentar os animais e cuidar sempre dos resíduos (lixo) para que não fiquem em qualquer lugar ou abertos”, orienta Junior.

E como saber o que é um animal silvestre? Eles são os animais que não passaram pelo processo de domesticação, ou seja, são animais que ainda não estão acostumados com a convivência com seres humanos, bem como também não estão adaptados às condições de cativeiro. Alguns exemplos são: papagaio, arara, mico-leão-dourado, onça-pintada, canário, tamanduá, sagui, cachorros do mato, morcegos, ratinho do campo e jacaré.


Trabalho do Zoo


Conhecido por ser um dos mais completos da América Latina e classificado pelo Ibama na categoria A, que é a mais elevada existente, o Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, além do lazer para o público, também desempenha um importante trabalho de conservação, pesquisa, bem-estar animal e educação ambiental, que são as cinco funções de um zoológico moderno.

De forma voluntária, os profissionais do Zoo atuam com os animais que chegam machucados, e muitas vezes, correndo risco de morte, por inúmeros motivos, além de filhotes que, por alguma razão, ficaram órfãos e necessitam de cuidados especiais, resgatados pelos órgãos já mencionados.

Em 2021, a equipe recebeu 707 animais resgatados. Em 2022, foram 588 e em 2023, até o momento, 43 animais. De acordo com informações da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), a maioria dos animais resgatados que chega ao Zoo pelos órgãos ambientais são: gambá, ouriço, cachorro-do-mato e aves em geral.

Lá, os animais recebem todos os cuidados e tratamentos necessários, antes de retornarem à vida livre. A recuperação desses animais resgatados demanda tempo e dedicação da equipe técnica. Já, a decisão de realizar a soltura ocorre após uma avaliação criteriosa, em que são ponderados alguns aspectos, como a boa saúde dos animais, a espécie ser da região de Sorocaba, a fácil adaptação ecológica a diferentes ambientes, local de soltura seguro, entre outros.

Todas as solturas são autorizadas pela Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima), órgão responsável pela gestão da fauna silvestre no Estado de São Paulo. (Thaís Marcolino)

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