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Teles cobram transparência do governo na definição do 5G

28 de Novembro de 2020 às 00:01

Teles cobram transparência do governo na definição do 5G Empresas mencionam preocupação com custos e inovação. Crédito da foto: Frederic J. Brown / Arquivo AFP (2/9/2020)

Após semanas de sinalizações de alinhamento com os Estados Unidos por parte do governo Jair Bolsonaro na política de banir a chinesa Huawei do 5G, as principais teles que atuam no País decidiram cobrar transparência nas decisões a respeito da tecnologia. Preocupadas com as “incertezas” no processo, o Conexis Brasil Digital divulgou nota oficial em que pede para que as operadoras participem das discussões e pregou que elas sejam feitas de forma ampla e a partir de critérios técnicos.

“Diante do nosso papel fundamental na implementação da tecnologia no País, e preocupadas com as incertezas geradas por essas discussões, ressaltamos a necessidade de transparência de todo o processo, prezando assim pelo princípio fundamental da livre iniciativa presente em nossa Constituição Federal”, diz a nota do Conexis Brasil Digital. “Esse ambiente de incertezas pode impactar o desempenho do setor, pois eventuais restrições implicarão potenciais desequilíbrios de custos e atrasos ao processo, afetando diretamente a população.”

Na nota, as empresas não citam a empresa chinesa, mas mencionam preocupações com preço, escala e inovação, que são características atribuídas à Huawei, líder mundial no 5G. Também sem fazer referência direta à Huawei, as operadoras destacam que “todos os fornecedores globais já atuam no País nas tecnologias 4G, 3G e 2G”.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estima que a empresa chinesa esteja em algo entre 35% a 40% das redes brasileiras atualmente em operação. As operadoras, no entanto, afirmam que essa fatia é ainda maior, de 45% a 65% entre as maiores, e de até 100% dependendo da região.

No Reino Unido, o banimento à Huawei custará 250 milhões de libras, cerca de R$ 1,8 bilhão, para substituir os equipamentos da companhia pelos de outros fornecedores. No Brasil, os gastos associados a uma decisão como essa ainda não foram levantados, mas a decisão pode atrasar o 5G e comprometer os serviços já prestados, dizem as teles.

Feninfra

A presidente da Federação Nacional de Infraestrutura de Redes e Telecomunicações (Feninfra), Vivien Suruagy, também se manifestou contra o banimento de qualquer companhia na tecnologia 5G. A entidade, que reúne 137 mil empresas prestadoras de serviços para operadoras e bancos e emprega 2,2 milhões de trabalhadores, é mais uma que se movimenta a favor da Huawei, principal alvo da pressão dos Estados Unidos contra a China.

“Não podemos ter mais nenhum tipo de interrupção. Já basta a pandemia”, afirmou. Para ela, a prioridade do setor é atingir os rincões, aumentar a velocidade de conexão, ampliar a conectividade e instalar mais antenas. “É totalmente incongruente e sem sentido limitarmos qualquer tipo de tecnologia”, disse Vivien. (Anne Warth - Estadão Conteúdo)