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Soja deve se expandir em 5 milhões de hectares

06 de Setembro de 2020 às 00:01

Soja deve se expandir em 5 milhões de hectares Uso da terra na produção agrícola é mais intensivo. Crédito da foto: Jaelson Lucas / Arquivo AEN (10/3/2020)

A cultura da soja deve se expandir em 5 milhões de hectares nos próximos dez anos no Centro-Oeste brasileiro, no bioma Cerrado, informou o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, em webinar promovido na noite de quinta-feira pelo Insper Agro Global com o tema “A agricultura brasileira e a disponibilidade de terras”. Segundo Pessôa, trata-se de cerca de 10% da área ainda apta para expansão na região, entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.

Sobre a ocupação de terra no Centro-Oeste, ele comentou que há 138 milhões de hectares de floresta/pantanal (ainda não antropizada); 16 milhões de hectares de Cerrado também preservado; 48 milhões de hectares de pasto e apenas 21 milhões de hectares de agricultura/silvicultura. Assim, no Cerrado, as áreas aptas para expansão da agricultura somam 55 milhões de hectares (entre o Cerrado não desmatado e áreas de pastagem).

No Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Pessôa citou que ainda há 95 milhões de hectares na região, sendo 49 milhões de hectares de Caatinga e Mata Atlântica; 32 milhões de hectares de Cerrado não antropizado e a agricultura ocupa apenas 5 milhões de hectares e a pastagem, 9 milhões de hectares. Ele disse que, apesar dessa imensa disponibilidade de terras agricultáveis no Matopiba, a soja deve se expandir, nos próximos dez anos em apenas 2 milhões de hectares, ou 10,5% da área própria para expansão, e principalmente no bioma Cerrado. “Temos 19 milhões de hectares no Matopiba, entre Cerrado e pasto, para a agricultura se expandir e temos de oferecer alternativa socioeconômica para essa região.”

Pessôa acrescentou que a ocupação deve ser pequena em área, embora a produção deva aumentar, porque o País tem usado mais intensivamente a terra. “Temos poupado muita terra e muita expansão de terra via desmatamento porque usamos melhor a terra”, afirmou, lembrando que, na safra 2019/20, 42% da área plantada no Brasil já recebe uma segunda ou terceira safra ao longo do ano.

No Centro-Oeste, por exemplo, 61% da área semeada recebe três culturas por ano, entre milho safrinha, algodão safrinha, soja e outras; no Sul, esse índice é de 31% da área cultivada; no Sudeste, 40%, e, no Matopiba, 16%. “Sem falar em outra atividade importante, que vem crescendo muito no País, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), em suas variantes, que já ocupa 15 milhões de hectares no Brasil. “No Rally da Safra, que promovemos anualmente, notamos no mais recente que um a cada dez produtores no Cerrado e no Paraná já tinham utilizado alguma técnica de integração, como gramínea em consórcio com milho.”

Ele disse que toda essa intensificação, porém, começa a trazer mais complexidade às operações agropecuárias e ele demonstrou preocupação quanto à capacidade de o Brasil atender a essa intensificação com mão de obra qualificada. “A tecnologia de fazer duas, três safras, o ganho de escala, tudo tocado por um mesmo produtor, traz uma complexidade do ponto de vista tecnológico e de capital e gestão, além do fluxo financeiro”, disse. “Automaticamente, se reduz a quantidade de gente capaz de fazer tudo isso.” E completou: “Ou seja, mesmo que o País tenha uma boa área de expansão agrícola, me preocupa se teremos operadores capazes de tocar esse modelo novo.” (Tânia Rabello - Estadão Conteúdo)