Buscar no Cruzeiro

Buscar

Protetores mudam foco de pequenas e médias indústrias

07 de Junho de 2020 às 00:01

Protetores mudam foco de pequenas e médias indústrias Equipamentos são usados no dia a dia por quem precisa sair de casa e trabalhar. Crédito da foto: Jim Watson / AFP (29/5/2020)

Por conta da crise do novo coronavírus e das medidas de isolamento social adotadas, as pequenas e médias empresas de diversos setores passaram a sentir quedas bruscas na procura de seus serviços e produtos e, consequentemente, uma redução no faturamento. Em busca de se adaptar às necessidades do momento para sobreviver, diferentes negócios passaram a produzir máscaras e protetores faciais -- uma das grandes demandas de proteção durante a pandemia.

É o caso da Imageway, empresa de comunicação visual que produz faixas, banners, painéis comemorativos e outros itens para o dia a dia e para eventos. Os donos, Marisla e Adolfo Martins, contam que sentiram a demanda do negócio chegar a quase zero depois que o isolamento foi decretado no Estado de São Paulo.

Logo no início da pandemia, antes do uso de máscaras se tornar obrigatório, o casal já havia decidido adotá-las por fazer parte do grupo de alto risco. Como não achavam à venda a proteção ideal, eles mesmos decidiram produzir a máscara e entraram em contato com um dos fornecedores de folhas de acetato. Esse equipamento de proteção é parecido com uma viseira, também chamado de face shield.

“Quando fomos buscar o material, vimos que não havia tanta disponibilidade (desse tipo de máscara) no mercado e que poderíamos passar a produzi-las, fazendo algo que beneficiasse tanto as pessoas quanto nós mesmos”, diz Marisla.

Mesmo usando as máscaras desde meados de março, eles passaram a comercializar o produto somente em abril, já que precisaram antes desenvolver o projeto e adaptar a empresa. “O projeto da máscara protetora precisa ser diferente e possui muitos detalhes, além de três tamanhos: recém-nascido, criança e adulto.”

Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a adaptação do negócio em um momento como esse é louvável. “A partir dessas iniciativas, a empresa também pode encontrar um outro caminho para crescer. Pode ser que não queira voltar atrás e que queira seguir com os dois caminhos.”

Outra empresa que também se adaptou foi a Isoflex, produtora de objetos para gestão visual, com itens como pastas de procedimentos, displays, porta-folhas, quadros flexíveis e outros. “No final de março, sentimos uma queda brusca, porque foi quando os fechamentos começaram a acontecer de fato. Como tínhamos a matéria-prima, resolvemos fazer as máscaras”, conta Carolina Hartmann, diretora de marketing.

A produção da máscara de acetato pode ser até 20 vezes mais rápida do que os modelos impressos por máquinas 3D, diz ela, o que fez com que a empresa passasse a produzir mais de 200 mil máscaras por mês.

A dificuldade, no caso da Isoflex, foi desenvolver um novo canal de vendas. “Como não trabalhávamos com esse tipo de produto, tivemos que nos mexer muito rápido para conseguir entrar nesse meio”, conta Carolina.

A empresa percebeu que, com o tempo, houve aumento da concorrência no mercado de protetores e máscaras, então passou a desenvolver outros sete produtos específicos para a proteção contra o coronavírus, como barreiras de supermercado e adesivos orientadores de piso.

Segundo Carolina, esse momento proporcionou trabalhar com clientes de novos ramos e, num momento pós-pandemia, enxerga como possibilidade expandir a cartela de produtos e a carteira de clientes. (Anna Barbosa - Estadão Conteúdo)