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Pró-Brasil desagrada Ministério da Economia

24 de Abril de 2020 às 00:01

Pró-Brasil desagrada Ministério da Economia Mansueto disse que não há recurso público suficiente. Crédito da foto: Marcelo Camargo / Arquivo Agência Brasil (27/2/2020)

A área econômica do governo apelidou o Plano Pró-Brasil de “Dilma 3” por prever a ampliação do gasto público para a retomada econômica por meio de obras em infraestrutura. A ironia expõe a insatisfação da equipe econômica com o programa de investimentos lançado pela ala militar do governo em conjunto com os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura).

A referência “Dilma 3” é uma alusão ao que seria uma continuidade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que teve duas etapas durante os governos do PT e cujos gastos podiam ser abatidos do esforço necessário para cumprir a meta fiscal. O PAC 1 foi lançado em 2007 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já a segunda etapa, o PAC 2, veio em março de 2010, na antessala da campanha eleitoral que elegeu sua sucessora, Dilma Rousseff, quem efetivamente colocou a nova fase em prática.

Depois da apresentação do Plano Pró-Brasil, sem dados técnicos e com gráficos considerados apenas ilustrativos, o clima na área econômica era de alívio pelo fato de nenhum integrante da equipe econômica ter sentado à mesa ao lado do ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, endossando o anúncio.

A comparação com os programas de gestões petistas virou motivo de assombro até mesmo nas equipes que trabalham no plano. Na ala defensora do plano, há quem peça a aceleração dos prazos anunciados por Braga Netto, com estruturação até julho, detalhamento dos projetos até setembro e implementação a partir de outubro. O alerta disparado na área técnica, porém, é que adotar essa via rápida pode levar o governo a repetir os mesmos erros do passado, com imprecisões nos efeitos esperados e nos custos.

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, avaliou ontem ser necessário aumentar muito o investimento na retomada da economia após a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, mas enfatizou que o governo não tem a capacidade de liderar esse movimento.

Espaço fiscal

“O governo não tem força para puxar investimento via recurso público, falta espaço fiscal. Mas, quando sairmos da crise, cabe a nós mostrar aos investidores privados que teremos estabilidade de regras para recebermos esses investimentos”, afirmou, em teleconferência organizada pelo Lide Ceará. “Precisamos aprovar as reformas e a agenda de privatizações para dar aos investidores privados a segurança para investirem no Brasil”, completou.

Mansueto negou desacordo entre as alas políticas e econômica do governo e argumentou que houve um ruído de comunicação em torno do lançamento do Plano Pró-Brasil. “Levei um susto com notícias sobre um ‘Plano Marshall’ brasileiro, porque o Plano Marshall foi usado para reconstruir a Europa e não precisamos reconstruir País algum. O que existe, e eu vejo isso de forma positiva, é a coordenação de ações de combate à crise na Casa Civil. Não há briga política nenhuma dentro do governo”, alegou.

Para o secretário do Tesouro, o Plano Pró-Brasil não trará um crescimento grande do investimento público. “Todo o governo sabe que precisaremos de investimento privado para retomar investimentos, enquanto o setor público entra propondo as medidas. O passado nos ensina que o Estado como grande investidor não funcionou”, considera. (Estadão Conteúdo)