Preço da carne de 1ª baixa e de 2ª sobe em Sorocaba, diz pesquisa
Há demanda de consumo maior para a carne de 2ª, mais barata. Crédito da foto: Luiz Setti / Arquivo JCS (9/1/2020)
Após dois meses consecutivos de disparada no preço, a cesta básica sorocabana registrou pequeno recuo em janeiro: ficou 0,47% mais barata, passando de R$ 687,97 para R$ 684,72. Dos 34 itens pesquisados pela Universidade de Sorocaba (Uniso), 14 deles apresentaram queda -- especialmente a carne de primeira e a cebola. O movimento é contrário ao resultado medido no período pelo índice de inflação oficial (IPCA-15), que apresentou elevação de 0,71%.
De acordo com o coordenador da pesquisa, o economista Lincoln Diogo Lima, a redução na demanda por parte do consumidor e também no volume de exportações da carne bovina para a China têm provocado o recuo no preço do produto de primeira linha, que havia aumentado consideravelmente em novembro e dezembro. O quilo custava em média R$ 29,09 em janeiro, com queda de 6,79% ante dezembro. “No final do ano você tem o período de festas que eleva o consumo e, consequentemente, o seu preço. Agora, o produto começa a retornar ao seu nível normal”.
Outro item que teve grande redução foi a cebola (-12,05%), passando de R$ 2,49 o quilo em dezembro para R$ 2,19 em janeiro. É o quinto mês consecutivo de queda e o principal motivo para isso se deve à elevada oferta nacional . Outros itens que registraram queda foram o absorvente (-3,15%), farinha de trigo (-2,89%) e achocolatado (-2,88%).
No outro extremo da balança está a batata, com o maior aumento: 10%. O preço por quilo passou de R$ 3,10 em dezembro para R$ 3,41. Conforme Lima, a variação se deve à dificuldade na colheita nas regiões produtoras, devido às chuvas. A salsicha subiu 6,02% e do vinagre (5,21%).
O arroz subiu 4,50%, passando de R$ 15,11 (pacote de 5 kg) em dezembro para R$ 15,79 em janeiro. Neste caso, conforme o economista, trata-se de um reflexo da quebra de safra americana e do fortalecimento do dólar, que levaram muitos produtores de arroz a destinarem parte da colheita ao mercado externo em período de entressafra, provocando redução da oferta no mercado doméstico.
A carne de segunda apresentou alta de 2,07%, de R$ 21,72 o quilo em dezembro para R$ 22,17 em janeiro.
Um resultado que surpreendeu foi o do leite longa vida, que teve aumento de 3,14%. Nesta época do ano, de acordo com o coordenador da pesquisa, a produção normalmente é alta. “É um período em que a demanda cai e a chuva aumenta, tornando o clima e o solo propício para o gado leiteiro. Vamos esperar os próximos meses pois uma alta consecutiva será incomum.”
Acumulado
Apesar do recuo no início de 2020, o consumidor continua pagando mais caro por produtos básicos. Quando comparado com o mesmo mês do ano anterior (janeiro/2019), o aumento acumulado é de 16,36%. Houve fortes altas nos meses de novembro (7,32%) e dezembro (4,8%).
Na opinião do economista, o sorocabano terá mesmo que se acostumar aos novos valores. “A cesta até pode cair de preço, mas varia muito dependendo de produtos in natura voláteis. Por isso, chegar ao nível de preços do ano passado é muito difícil”. (Eric Mantuan)