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PIB cai 1,5% no 1º trimestre

30 de Maio de 2020 às 00:01

PIB cai 1,5% no 1º trimestre Crédito da Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A queda de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2020 ante o quarto trimestre de 2019 foi a maior desde o segundo trimestre de 2015, quando, em meio à recessão de 2014 a 2016, houve recuo de 2,1% em relação ao primeiro trimestre daquele ano. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com a parada súbita da economia por causa da pandemia de Covid-19, vários componentes do PIB apresentaram seus piores desempenhos desde a última recessão, mas alguns se destacaram ainda mais negativamente na comparação com os trimestres imediatamente anteriores.

O PIB da indústria caiu 1,8% ante o quarto trimestre de 2019, pior desempenho desde a queda de 1,8% no quarto trimestre de 2016 ante o terceiro trimestre daquele ano.

O IBGE informou ainda que o nível do PIB ficou, no primeiro trimestre de 2020, 4,8% abaixo do pico, que teria sido registrado no quarto trimestre de 2014.

Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais no IBGE, o resultado do primeiro trimestre teve forte impacto da pandemia do novo coronavírus. ““A gente não faz esse cálculo mensal, mas olhando o índice que o Banco Central calcula, os dados das pesquisas conjunturais, realmente isso é visível. Março teve uma queda muito grande em comparação com fevereiro”, aponta Rebeca.

Mesmo antes da Covid-19, a atividade econômica permanecia com crescimento em torno de 1% no acumulado de quatro trimestres, ou seja, mantinha uma recuperação ainda lenta e gradual.

“A gente não tinha voltado ainda ao pico, de antes da crise de 2015 e 2016, a gente estava aos poucos indo para esse nível, mas não tinha chegado ainda‘, avalia Rebeca.

O PIB está atualmente no mesmo nível do segundo trimestre de 2012. A pesquisadora do IBGE diz que a conjuntura atual é diferente da registrada nas últimas crises econômicas. “Isso é coisa mundial, não é do Brasil. A pandemia está tendo impacto pelos dois lados, como se fosse choque de oferta e choque de demanda. Além de serviços estarem fechados, tem impacto sobre a demanda também, porque o mercado de trabalho foi afetado. É uma conjunção de coisas”, ressalta.

Rebeca não arriscou fazer um prognóstico sobre a recuperação após a Covid-19. “O mercado de trabalho, em geral, não costuma ter recuperação rápida”, considera. (Daniela Amorim, Mariana Durão e Vinicius Neder - Estadão Conteúdo)