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Permuta de imóveis ganha maior adesão durante pandemia

01 de Novembro de 2020 às 00:01

Permuta de imóveis ganha maior adesão durante pandemia Na modalidade, proprietário não precisa vender seu imóvel antes de comprar outro. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (7/2/2020)

Entre as mudanças de comportamento e consumo do mercado imobiliário trazidas pela Covid-19, a importância de viver num lugar adequado às próprias necessidades e ao estilo de vida lidera o ranking. E a urgência para que isso aconteça está fazendo com que a permuta de imóveis, modalidade ainda pouco praticada no Brasil, comece a ganhar destaque.

De acordo com a plataforma digital Loft, que negociou 140 imóveis por meio de permuta desde que aderiu ao modelo, em 2019, o número de clientes interessados no serviço cresceu 80% na pandemia, saltando de 900 em fevereiro para 1,6 mil em setembro. A empresa afirma ainda que as trocas de apartamentos quase triplicaram entre o segundo e o terceiro trimestre de 2020. Só no mês de agosto, elas representaram 50% das compras da plataforma, que oferece permuta com unidades de seu portfólio próprio.

Para o diretor-geral de transações imobiliárias da Loft, Bruno Raposo, a praticidade é um dos fatores que têm impulsionado a adesão. “Muitos esbarram em um entrave na hora de realizar o sonho de um novo lar porque, na maioria das vezes, precisam vender o seu imóvel antes de comprar outro”, afirma.

Na sequência surgem questões que podem prolongar a dor de cabeça. “Além de procurar um imóvel adequado ao seu perfil, fatores como uma reforma, por exemplo, exigem tempo e planejamento pessoal e financeiro.”

No caso da Loft, após o apartamento ser cadastrado, faz-se uma avaliação dos objetivos de venda do proprietário. Se for identificado que ele quer vender para comprar outro imóvel e o apartamento interessar à empresa, o cliente recebe uma proposta personalizada de opções com as características desejadas. “Ele pode optar por mudar para um apartamento maior e pagar o valor restante ou o contrário: escolher um menor, receber a diferença e ainda financiá-lo, se preferir”, explica o executivo.

A maior vantagem na modalidade, diz ele, está no alinhamento dos prazos de mudança. “O proprietário pode ficar morando no apartamento antigo durante todo o período de reforma para se mudar para o novo imóvel já pronto.”

É nesse estágio que está a representante comercial Silvana Jacovetti, de 55 anos. Ao declarar o interesse em realizar permuta porque procurava um apartamento com condomínio mais barato e queria ter um retorno em valores, recebeu algumas propostas da Loft. “No espaço de uma semana, encontrei um que amei”, conta. Ela recebeu R$ 190 mil da empresa pela diferença e aguarda no apartamento antigo para fazer a mudança, enquanto a reforma do novo segue a todo vapor.

Tinder imobiliário

Nos últimos três meses, 14% dos clientes com perfil de comprador do Apê11 declararam precisar vender seu imóvel atual antes de adquirir outro. Leonardo Azevedo, cofundador e diretor executivo da empresa, acredita que estes são proprietários que poderiam se beneficiar da permuta. “A priori, a pessoa nem declara que há possibilidade porque acredita que o matching é muito difícil”, analisa.

Foi daí que surgiu a ideia de desenvolver uma ferramenta própria para a modalidade, que devem lançar ainda neste ano. “A gente percebeu que o jeito de fazer permuta é super artesanal”, diz o empresário. A intenção é criar um lugar de encontro virtual para pessoas que gostariam de fazer a troca. “Elas colocam os parâmetros na mesa e, com o cruzamento das informações, dá para fazer um pré-casamento.”

A inspiração, segundo ele, veio do famoso aplicativo de relacionamento Tinder. “Um colaborador nosso conheceu assim a pessoa com quem se casou”, relata. “Bati um papo com ele e me veio o insight.” No caso do Apê11, será possível inclusive criar uma cadeia de troca, facilitando o matching entre mais partes, como três proprietários que queiram permutar entre si.

“Essa doideira só dá para fazer com computação mesmo porque envolve toda uma combinatória de dados”, explica. “Do ponto de vista jurídico, é um contrato bem sui generis, mas existe.” (Bianca Zanatta - Estadão Conteúdo)