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Montadoras param e põem mais de 100 mil em férias coletivas ou banco de hora

21 de Março de 2020 às 15:52

 

Seiscentos novos postos de trabalho foram criados em agosto nas indústrias da região de Sorocaba, composta de 48 municípios na base de abrangência do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Foi o segundo mês consecutivo de desempenho positivo. O mês anterior, julho, fechou com 150 novos postos de trabalho. Entre os 22 segmentos pesquisados na região, o de veículos automotores e autopeças se destacou, contribuindo para a geração de empregos. No ano (de janeiro a agosto de 2018), o saldo também foi positivo e representou aumento de 1.250 postos de trabalho. Nos últimos 12 meses houve crescimento de 450 empregos. Para o empresário Erly Domingues de Syllos, diretor regional do Ciesp e presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico (CMDE), praticamente 70% da empregabilidade regional corresponde ao município de Sorocaba. Ele lembra que a pesquisa identificou poucos saldos positivos nas cidades pesquisadas e entre as que se destacam está Sorocaba, que a seu ver apresentou em agosto “número bastante pujante para um mês”. Syllos atribui esse resultado a “alguns segmentos pontuais”, entre eles o automotivo, que registrou queda acentuada no emprego há dois anos, mas que nos últimos dois meses tem se recuperado. Como destaques impulsionadores, ele cita a Toyota, que fez contratações em Sorocaba com o lançamento do modelo Yaris. Em consequência, acrescenta, toda a cadeia de fornecedores da Toyota precisa contratar trabalhadores para incrementar a produção: “Junto com isso há as montadoras de caminhões, que não produzem aqui, mas compram peças de indústrias de Sorocaba.” O diretor regional do Ciesp também cita como destaques a atuação da empresa Nal (faróis e lanternas), fornecedora da Toyota; a REV, especializada em transformar carros e adaptá-los como viaturas para o Corpo de Bombeiros e ambulâncias; e a retomada da Tecsis (pás eólicas). (Carlos Araújo) As negociações das paradas foram feitas com os respectivos sindicatos de trabalhadores e envolvem, até agora, cerca de 104 mil funcionários. Crédito da foto: Divulgação Toyota/Arquivo

 

A indústria automobilística saiu à frente no setor industrial e quase todas as montadoras já anunciaram fechamento temporário de fábricas a partir de segunda-feira (23) para tentar evitar a disseminação do novo coronavírus. O número de funcionários que ficarão em casa já passa de 100 mil.

Até sexta-feira, 14 marcas que administram 35 unidades produtivas de veículos e motores em vários Estados informaram a suspensão total da produção por períodos que variam de três semanas a um mês, mas com possibilidade de prorrogação, se necessário.

As negociações das paradas foram feitas com os respectivos sindicatos de trabalhadores e envolvem, até agora, cerca de 104 mil funcionários, sendo uma parte pequena de filiais da Argentina. A maioria do pessoal do chão de fábrica entrará em férias coletivas ou terá banco de horas para futura compensação, enquanto o pessoal administrativo fará home office.

Só na sexta confirmaram dispensa dos funcionários da área de produção de todas as fábricas locais as empresas Toyota, Scania, Honda, BMW, FCA Fiat Chrysler, Renault, PSA Peugeot Citroën e MAN/Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Ford, General Motors, Mercedes-Benz, Volkswagen e Volvo já tinham anunciado a parada total da produção. Entre as maiores montadoras, apenas a Nissan ainda não decidiu pela parada total da fábrica no Rio de Janeiro, mas afirma que reduziu os riscos com menos trabalhadores na fábrica (os administrativos estão trabalhando em casa). "Mas estamos fazendo monitoramento constante para assegurar a saúde dos funcionários", assinala a empresa.

A Caoa Chery colocará os 540 funcionários da fábrica de Jacareí (SP) em lay-off (suspensão temporária de contratos). A empresa voltou atrás em 70 demissões anunciadas na quarta-feira, após greve de um dia na unidade. Esses operários ficarão em casa por três meses, enquanto os demais deverão retornar em maio.

Autopeças

A paralisação das montadoras terá grande reflexo nos fornecedores de peças e matéria-prima. O Sindicato Nacional das Indústrias de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) informa que o setor está acompanhando o movimento das montadoras e os impactos no mercado local e internacional.

"Não é possível, neste momento, fazer estimativas quanto aos efeitos da pandemia no setor, assim como na economia em geral", informou a entidade. Fornecedores ligados a outros segmentos estão se antecipando. A Pirelli vai suspender a produção de pneus nas três unidades locais a partir de segunda-feira. A Tupy já paralisou suas linhas na Quinta-feira.

O presidente da Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos da CUT de São Paulo, Luiz Carlos da Silva Dias, informa que tem se reunido constantemente com os sindicatos patronais, com o Sindipeças, e que na segunda-feira essas entidades vão apresentar propostas para enfrentar o momento de epidemia. O Estado concentra cerca de 190 mil metalúrgicos de vários setores, como autopeças e máquinas e equipamentos.

"As empresas estão preocupadas, pois várias têm compromissos e nem todas as montadoras vão parar", afirma Dias. "Elas também querem garantir acordos para o futuro, como outras alternativas caso a epidemia se prolongue e também formas de recuperar a produção."

Dias ressalta que, "o bom é que, até agora, nenhuma entidade patronal falou em demissões" e que a preocupação é buscar alternativas manter o quadro atual de trabalhadores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Estadão Conteúdo)