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Maílson diz que é um delírio a ideia de unificação de moedas

08 de Junho de 2019 às 01:25

Ex-ministro lembra que a experiência mais recente de moeda comum no mundo é a do euro. Crédito da foto: Divulgação

O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega classificou como "verdadeiro delírio" a ideia de se proceder a uma unificação das moedas brasileira e argentina. Para ele, não faz o menor sentido porque os dois países não reúnem as mínimas condições para ter uma moeda comum. A ideia de se unificar as duas moedas foi ventilada quinta-feira (6) durante visita do presidente Jair Bolsonaro à Argentina.

Na quinta mesmo, à noite, o Banco Central (BC) desmentiu a versão de que estaria em curso na instituição estudo que visasse a criação de um moeda comum ao Brasil e ao país vizinho.

Maílson, que participa do seminário "O Direito e a Revolução Digital no Sistema Financeiro" que a Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) realiza na capital paulista nesta sexta-feira (7) lembrou que a experiência mais recente de moeda comum no mundo é a do euro.

"As outras fracassaram em vários momentos da história. E o euro é uma moeda que nasceu de um conjunto amplo de circunstâncias, inclusive de geopolítica que deu origem à criação do mercado comum europeu com o Tratado de Roma de 1958 e até seu nascimento em 1992", disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o ex-ministro.

De acordo com o ex-ministro, acima de tudo, tanto o mercado comum europeu quanto a União Europeia foram criados para evitar guerras entre os países. "Estamos no maior período sem guerras por conta disso. Segundo lugar, a declaração do euro, quando não existiam todas as condições ainda, foi a reunificação alemã que gerou o receio de que uma Alemanha mais poderosa viesse novamente ser uma ameaça", lembrou o ex-ministro.

Para Maílson, a América do Sul não tem a mínima condição de estabilidade macroeconômica para se ter uma moeda comum. "Você não tem aqui nenhum problema geopolítico e nem Brasil e nem Argentina estão preparados para ter uma moeda estável, pois estão sempre sob ameaça de inflação, e muito menos uma moeda comum", afirmou o ex-ministro. (Estadão Conteúdo)