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Latam Brasil reduzirá folha de pagamento em 30%

09 de Agosto de 2020 às 00:01

Latam Brasil reduzirá folha de pagamento em 30% Empresa aérea abriu plano de demissões voluntárias. Crédito da foto: Divulgação Latam Brasil

Depois de concluir um ajuste arrojado no número de funcionários e travar uma disputa com os aeronautas, a Latam Brasil conseguiu organizar uma economia na sua folha de pagamentos na ordem de 30%, afirmou o diretor de Recursos Humanos da empresa, Jefferson Cestari, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A aérea está em uma situação fragilizada e luta para reduzir custos e se manter operante no País diante da pandemia. No início de julho, a Latam Brasil entrou no processo de recuperação judicial do Grupo Latam nos Estados Unidos.

“Essa redução de pessoas já leva em consideração toda a retomada que a gente tem pela frente. A operação não vai ser impactada pela saída”, garantiu o executivo.

A última rodada de conversas, a mais tumultuada delas, foi encerrada no último dia 31, com os tripulantes. Depois de fracassar nas negociações para redução permanente dos salários da categoria, a Latam confirmou que vai demitir “no mínimo” 2,7 mil pilotos, copilotos e comissários, o que representa 38% da equipe, de sete mil.

A empresa iniciou um processo de demissão voluntária para os tripulantes, que terminou na terça-feira, dia 4. Cestari destacou o que chamou de inflexibilidade por parte dos aeronautas. Os desligamentos ocorrerão até o dia 14 e, por causa das restrições da pandemia, serão feitos de forma on-line.

Antes, a Latam já havia concluído a negociação com cerca de 10 sindicatos que representam os aeroviários (profissionais em solo). Com o ajuste, a empresa saiu de 15 mil funcionários na categoria para algo perto de 12,5 mil. “Como tivemos muita gente de licença não remunerada, eu posso ir chamando as pessoas de volta quando a demanda começar a avançar”, disse o executivo.

A empresa aérea foi a mais prejudicada entre as companhias no Brasil, sobretudo por causa da maior exposição ao mercado internacional. A Latam, que já chegou a ter 750 voos por dia no Brasil, bateu perto das 30 decolagens diárias no ápice da crise, em abril. A crise não veio apenas para ela. Em junho, a demanda por voos no mercado doméstico (medida em passageiros quilômetros pagos, RPK) teve queda de 85% na comparação com junho de 2019, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Do outro lado, a ajuda do governo via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda é uma incógnita no setor. Para a Latam, a dúvida é maior ainda, uma vez que sua permanência no pacote é incerta após o braço brasileiro ter entrado na recuperação judicial.

Enquanto Gol e Azul negociaram com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) uma proposta de redução temporária de salários e jornada até dezembro de 2021, a Latam colocou na mesa uma cláusula que determinava a nulidade do acordo caso a categoria não quisesse negociar uma redução permanente. Quase 90% dos tripulantes disseram não. Em uma nova votação, no último dia 31, os tripulantes foram questionados se aceitariam que o SNA iniciasse uma negociação com a aérea sobre o corte permanente. Dos comandantes, 74% disseram não à proposta da aérea. Entre os copilotos e comissários, os porcentuais foram de 71% e 79%, respectivamente.

Em um primeiro momento, os aeronautas fecharam um acordo com as aéreas que trouxe estabilidade para abril, maio e junho. Com o fim do período, iniciou-se então um novo processo de negociação. Em junho, a Gol conseguiu aprovação da categoria da sua proposta, que prevê 18 meses de estabilidade com reduções de salários. Já a Azul conseguiu o sinal verde dos aeronautas no dia 24 de junho. (Cristian Favaro - Estadão Conteúdo)