Informais foram os mais afetados pela pandemia, revela Ipea
Vendedor ambulante em rua de São Paulo. Crédito da foto: Oswaldo Corneti / Fotos Públicas (19/10/2014)
Apesar de ter impactado os ganhos de praticamente todos os trabalhadores, a pandemia do novo coronavírus atingiu em especial quem trabalha na informalidade. Em maio, esse grupo recebeu em média 60% do que era esperado.
Empregadores também tiveram queda brusca em seus rendimentos devido às regras de isolamento social. Em contrapartida, servidores do setor público e militares praticamente não viram seus rendimentos serem afetados pela pandemia.
A conclusão consta de análise da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) Covid-19 de maio, que teve seus microdados divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo o instituto, o rendimento médio recebido pelos trabalhadores foi de R$ 1,9 mil, o que representa 82% do habitual (R$ 2,3 mil). Ao abrir os dados, contudo, é possível perceber que o impacto foi bem diferente entre os diversos setores.
"Os trabalhadores por conta própria receberam efetivamente apenas 60% do que habitualmente recebiam, tendo seus rendimentos efetivos médios alcançado apenas R$ 1,09 mil. Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam efetivamente 76% do habitual. Os empregadores também foram severamente atingidos, tendo recebido 69% do habitual, mas apresentando ainda um rendimento médio acima de R$ 4 mil", diz trecho do relatório do Ipea.
O estudo também aponta que trabalhadores do setor privado foram menos afetados, enquanto servidores públicos e militares praticamente não tiveram perda de rendimento.
"Trabalhadores do setor privado com carteira receberam em média 92% do habitual, e os do setor público contratados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 96%. Entre militares e estatutários, a renda efetiva alcançou 98% da renda habitual, e mesmo entre os trabalhadores informais do setor público a renda efetiva foi 91% da habitual", analisa o Ipea.
Auxílio emergencial
O relatório do Ipea também apontou para a importância do Auxílio Emergencial (AE) pago pelo governo federal, que deverá ser prorrogado por mais dois meses. Segundo o instituto, moradores de 5,2% dos domicílios brasileiros (cerca de 3,5 milhões) sobreviveram apenas com os rendimentos recebidos pelo auxílio. Em termos gerais, o benefício permitiu que a renda domiciliar alcançasse 95% do que seria caso houvesse recebido rendimentos do trabalho habituais.
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"Esse impacto foi maior entre os domicílios de renda baixa, onde, após o AE, os rendimentos atingiram 103% do que seriam com as rendas habituais. Os microdados da Pnad Covid-19 nos permitem avaliar se o AE foi suficiente para compensar 67% da perda da massa salarial entre os que permaneceram ocupados. Além disso, considerando a perda da massa salarial com a queda da população ocupada observada na PNAD Contínua, pode-se estimar que o AE foi capaz de compensar cerca de 45% do impacto total da pandemia sobre a massa salarial", conclui o Ipea. (Estadão Conteúdo)