Inflação reduz ritmo de vendas do varejo
Houve pequena queda nas compras em supermercados, diz IBGE. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (4/9/2020)
A inflação de alimentos pressionada, que reduz o ímpeto nas compras de supermercado, segurou o ritmo do crescimento das vendas do varejo em setembro. No total, houve uma alta de 0,6% ante agosto, quando o aumento sobre julho foi de 3,1%, informou ontem o IBGE. As vendas dos supermercados caíram 0,4%, a terceira queda seguida. A rapidez com que as perdas causadas pela pandemia foram eliminadas entre maio e agosto também ajudaram a moderar o crescimento de setembro.
“A influência da inflação no volume é clara, sobretudo nos alimentos”, afirmou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE. Desde maio, a recuperação das vendas do varejo é marcada por uma série de peculiaridades da pandemia.
Com as famílias passando mais tempo em casa, aumentou a demanda por alimentos para consumo no domicílio e pelos medicamentos e artigos de perfumaria vendidos nas farmácias -- dois setores do comércio que, considerados essenciais, foram menos afetados pelo isolamento social. Além disso, o auxílio emergencial aqueceu as vendas de comida.
“A freada não preocupa porque já havia uma expectativa de acomodação depois de uma recuperação muito forte que depois continuou como uma expansão forte. Essa acomodação deve continuar no quarto trimestre e na passagem para o ano que vem”, disse o economista Lucas Rocca, da LCA Consultores.
Com o avanço de setembro, as vendas no varejo renovaram o recorde do nível de atividade e emplacaram o quinto mês seguido de alta. As vendas já estão 7,7% acima do nível de fevereiro, pré-pandemia.
Segmentos do comércio avançam em setembro
O comércio varejista manteve a tendência de crescimento disseminado em setembro. Cinco das oito atividades varejistas registraram avanços nas vendas em relação a agosto, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na média global, o volume vendido cresceu 0,6% em setembro ante agosto.
Na passagem de agosto para setembro, os destaques de alta nas vendas do varejo restrito foram nos segmentos de livros, jornais, revistas e artigos de papelaria (8,9%); combustíveis e lubrificantes (3,1%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,1%); equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (1,1%) e móveis e eletrodomésticos (1,0%).
Na contramão, pressionaram negativamente três setores: tecidos, vestuário e calçados (-2,4%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,6%); e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0.4%).
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos e de material de construção, na passagem de agosto para setembro, o setor de veículos, motos, partes e peças registrou crescimento de 5,2% enquanto em material de construção, o aumento foi 2,6%, ambos, respectivamente, após avanços de 8,3% e 3,6% registrados no mês anterior. (Vinicius Neder, Thaís Barcellos, Gregory Prudenciano e Cícero Cotrim - Estadão Conteúdo)