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Inadimplência cresce e há receio com próximos meses

21 de Maio de 2020 às 00:01

Inadimplência cresce e há receio com próximos meses Gastos com cartão de crédito são o principal tipo de dívida. Crédito da foto: Marcos Santos / USP Imagens

A inadimplência das famílias brasileiras em maio atingiu o maior porcentual da série histórica para o mês na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde janeiro de 2010. O índice atingiu 10,6%, ante 9,9% em abril, indicando o aumento de famílias que declaram não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso, em meio às restrições de renda decorrentes da pandemia do coronavírus.

O total de famílias que se declararam muito endividadas também aumentou em maio, chegando a 16% e atingindo o maior porcentual desde setembro de 2011, quando o indicador alcançou 16,3%. Existe preocupação com os indicadores para os próximos meses.

De acordo com a pesquisa, porém, o número de famílias com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro recuou ligeiramente em maio, passando de 66,6% (abril), o maior patamar da série histórica, para 66,5% este mês. Já com relação a maio de 2019 (63,4%), o porcentual de endividamento foi maior.

Este indicador, segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, mostra que as medidas para enfrentar a crise provocada pelo novo coronavírus estão sendo insuficientes, como a injeção de liquidez na economia e a queda das taxas de juros. A maior aversão ao risco no sistema financeiro, observou, tem impedido que o crédito de fato chegue aos consumidores.

“Apesar da pequena queda no mês, o endividamento das famílias está em proporção elevada, sendo importante também viabilizar prazos mais longos para os pagamentos das dívidas, como forma de evitar o crescimento da inadimplência nos meses à frente”, afirmou Tadros em nota.

A quantidade de brasileiros com dívidas ou contas em atrasos caiu 0,2 ponto porcentual na comparação mensal, ficando em 25,1%. No comparativo anual (24,1%), contudo, houve crescimento.

“Mesmo com as incertezas impostas pela pandemia, a inadimplência não mostra trajetória explosiva, pelo menos não ainda. Com medidas de auxílio à renda, como o coronavoucher, as famílias mostram alguma resiliência na quitação de seus compromissos financeiros”, destacou a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.

Em relação aos tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo o mais apontado pelos brasileiros como a principal modalidade de endividamento, com 76,7% do total. Carnês (18%) e financiamento de veículos (11,1%) também permanecem na segunda e terceira posições. (Estadão Conteúdo)