Guedes fala em cortar dívida usando reservas
Crédito da foto: Alan Santos / Arquivo Presidência da República (19/8/2020)
Em meio à crescente desconfiança dos investidores em relação ao quadro fiscal brasileiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem que fará “o que for necessário” para reduzir a dívida e citou, entre o cardápio de medidas para atingir esse objetivo, a possibilidade de “até vender um pouco de reservas”.
A dívida bruta do governo deve fechar o ano em 96% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com projeções feitas pelo próprio Tesouro Nacional, com forte aumento provocado pelas despesas com o combate da pandemia do novo coronavírus. Mantido o atual ritmo, a previsão é que a dívida continue crescendo e ultrapasse os 100% do PIB em 2025, para só então se estabilizar e começar a cair.
Ao mesmo tempo, o Brasil tem hoje US$ 355,5 bilhões em reservas internacionais. O governo já vendeu uma pequena parcela desse “colchão de proteção” contra eventuais choques externos, mas acabou recompondo parte do que havia sido vendido em meio à crise provocada pela pandemia. A gestão das reservas é feita pelo Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto.
“Nossa lógica é muito simples. A dívida tem de cair. E a maneira de fazer isso é vender ativos, privatizar, desalavancar bancos públicos, reduzir dívida interna e até vender um pouco de reservas”, disse Guedes durante evento promovido pelo Bradesco.
Ainda segundo o ministro, um volume alto de reservas era necessário quando o real estava sobrevalorizado ante o dólar e a taxa de juros era mais elevada. Essa composição, frisou Guedes, mudou para um câmbio mais depreciado e a taxa de juros menor, dispensando a necessidade de um colchão mais robusto de reservas.
O ministro reconheceu que o governo não se saiu bem na promessa de privatizar, mas deixou claro que vai seguir insistindo nessa frente. (Idiana Tomazelli e Eduardo Laguna - Estadão Conteúdo)