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Governo age para suprir caixa do Tesouro

22 de Outubro de 2020 às 00:01

Governo age para suprir caixa do Tesouro BNDES devolverá R$ 100 bi. Crédito da foto: Vanderlei Almeida / Arquivo AFP (12/5/2017)

O governo colocou em marcha uma estratégia para reforçar o caixa do Tesouro Nacional e, assim, garantir os recursos para fazer frente ao vencimento recorde de títulos da dívida pública nos primeiros meses de 2021. Como mostrou o Estadão/Broadcast, uma fatura de R$ 643 bilhões vence entre janeiro e abril. O valor é mais que o dobro da média registrada nos últimos cinco anos e equivale a 15,4% de toda a dívida interna do Brasil.

Como parte dessa ação para formar um “colchão da dívida”, a equipe econômica já negocia com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a devolução antecipada de R$ 100 bilhões aos cofres do Tesouro.

O governo também está em negociação com a Caixa para ver quanto mais o banco pode devolver dos chamados Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD) -- usados no passado para injetar recursos na instituição financeira --, mas neste caso o valor ainda não está definido. O pagamento de dividendos também está na mira dos técnicos.

Não está descartada ainda a possibilidade de o Tesouro pedir uma nova transferência do lucro obtido pelo Banco Central com os efeitos da valorização do dólar sobre o valor em reais das reservas internacionais, o chamado lucro cambial. Segundo apurou a reportagem, essa via já está sendo considerada por técnicos da área econômica, embora ainda não haja uma negociação aberta com o BC sobre o tema.

Após a última transferência para o Tesouro e com novos resultados positivos, o estoque de reservas do lucro cambial está em R$ 222,25 bilhões até 9 de outubro, segundo dados do próprio Banco Central.

O governo trabalha em várias frentes de ação para reforçar o “colchão da dívida” diante do cenário que aguarda o País no início de 2021. Para quitar os vencimentos, o governo precisaria emitir novos papéis, mas há desconfiança entre economistas sobre a capacidade de o País captar mais recursos diante da insegurança em relação à continuidade do ajuste nas contas públicas. O prêmio exigido pelos investidores para financiar o governo também pode impor um desafio a essa rolagem da dívida. (Estadão Conteúdo)