Gestoras de fundos firmam acordo para considerar questões climáticas
Crédito da foto: Divulgação
Em meio à pandemia e diante de discussões sobre sustentabilidade, quatro gestoras de fundos brasileiras que, juntas, gerem mais de R$ 1,2 trilhão, se comprometeram a priorizar questões climáticas em suas decisões de investimento. O BTG Pactual Asset Management, Itaú Asset Management, JGP e Santander Asset Management assinaram, na semana passada, o compromisso Investidores Pelo Clima (IPC).
São as primeiras instituições a formalizarem seu apoio à iniciativa brasileira que é liderada pela Sitawi Finanças do Bem, apoiada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), em parceria com o Principles for Responsible Investment (PRI) e com a ONG internacional CDP, que desenvolveu um sistema para relatar riscos e oportunidades relacionadas a clima, água e floresta. “O protagonismo em assinar este compromisso é especialmente relevante no contexto atual de pandemia de Covid-19, pois representa um olhar para a potencial maior crise do futuro”, diz nota do Investidores Pelo Clima.
O IPC foi criado em outubro do ano passado com o objetivo de engajar e capacitar investidores profissionais no Brasil para que avancem na descarbonização e gestão climática de seus portfólios. Desde então, foram realizados seis encontros de capacitação e também de discussão de formas de atuar em relação às mudanças climáticas. O resultado foram três ações: análise e gestão de produtos de investimento com o olhar climático em dez portfólios de seis investidores; campanha de engajamento coletivo de seis investidores com empresas intensivas em emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE); e formalização do compromisso dos Investidores Pelo Clima.
A gerente de Finanças Sustentáveis da Sitawi e líder do IPC, Carla Schuchmann, afirma que “ainda há um longo trabalho a ser realizado para que o tema ganhe a relevância necessária” no mundo dos investimentos. Mesmo grandes instituições financeiras com sistemas de análise pelos critérios ASG (Ambiental, Social e de Governança) aplicam parcialmente as métricas em suas decisões. Em algumas, a análise via ASG já é robusta, mas a aplicação do resultado desse processo na escolha dos ativos é facultativa. Ou seja, mesmo nessas instituições que já desenvolveram a capacidade analítica sobre a complexa questão climática, a compra e venda de ativos podem, na prática, desconsiderar esses critérios.
Carla, da Sitawi, afirma que, diante da necessidade de tornar a discussão mais relevante no mundo dos investimentos, o IPC vai ampliar e reforçar a atuação pelos próximo três anos.
Além da JGP e das gestoras do Itaú, do BTG e do Santander, outros 11 investidores se engajaram na discussão da agenda climática e de seus portfólios desde o ano passado. Somados, os 15 investidores que participaram dos seis encontros fazem a gestão de R$ 2 trilhões. (Karla Spotorno - Estadão Conteúdo)