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Fraga vê falta de estratégia na gestão

19 de Abril de 2020 às 00:01

Fraga vê falta de estratégia na gestão Arminio Fraga foi presidente do BC. Crédito da foto: Arquivo / AFP

Ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Gávea Investimentos, o economista Arminio Fraga que vê descoordenação na resposta do Brasil ao coronavírus. “Falta estratégia para gestão de crises, que podem ser superadas e bem administradas com um plano de voo bem comunicado, bem executado e revisado periodicamente”, disse. A declaração foi dada na última quarta-feira (14).

Fraga participou de transmissão ao vivo feita pelo Itaú Unibanco no Youtube. Na visão do ex-presidente do BC, enquanto vários Estados adotam uma estratégia “mais normal” de gestão de crise, os pilares da saúde são precários e o isolamento social é “dificílimo” em favelas e mesmo em centros urbanos.

O economista também vê descoordenação na área fiscal. “E essa descoordenação vai pesar mais sobre uma economia que já vinha fraca”, disse ele, que projeta o PIB brasileiro caindo pelo menos 6% em 2020.

“Me preocupa essa falta de coordenação fiscal com os Estados, com riscos de natureza diversa, judicialização, com mais gastos”, afirmou Fraga, para quem o resultado primário ficará negativo em pelo menos 6% do PIB em 2020 e seguirá no vermelho em 2021. Na visão dele, o papel financiador do Estado deve aumentar e a relação da dívida com o PIB pode aumentar em 15 pontos porcentuais.

Fraga ressaltou que resposta do mundo ao coronavírus está à altura desta “crise monumental” e citou o exemplo da Alemanha, que gasta cerca de 27% do PIB para combater a doença.

Legados da crise

O ex-presidente do BC acredita que um dos legados da crise pode ser um maior investimento em saneamento, além de aumentar a urgência das reformas fiscais, que já eram necessárias antes do aumento de gastos que será experimentado durante a crise.

Ele acredita também que haverá menos globalização e mais nacionalismos. Disse ainda que o conflito entre Estados Unidos e China é um evento “gigante” que não pode ser ignorado. “Essa guerra não está totalmente digerida e, com o vírus, tende a se agravar”, disse. (André Ítalo Rocha e Francisco Carlos de Assis - Estadão Conteúdo)