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Feijão e arroz subiram mais de 20% este ano

05 de Setembro de 2020 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]

Feijão e arroz subiram mais de 20% este ano Associação de supermercados informa que há negociação com fornecedores e opção por marcas menos impactadas por aumentos. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (4/9/2020)

Está cada vez mais difícil para o consumidor comprar os itens que costumeiramente eram os primeiros a fazer parte da alimentação do brasileiro. O arroz, feijão, leite e óleo de soja, por exemplo, estão com aumento acumulado médio em 18,85% no ano, número quase quatro vezes maior que o índice geral de preços dos alimentos (5%).

Os dados foram divulgados ontem pela Associação Paulista de Supermercados (Apas). Conforme a pesquisa, o feijão e o arroz estão respectivamente com inflação acumulada em 23,1% e 21,1% em 2020.

Conforme a entidade, o arroz e feijão estão perdendo cada vez mais espaço na mesa dos brasileiros em função do aumento das exportações, além da diminuição das importações desses itens, motivadas também pela mudança na taxa de câmbio que provocou a valorização do dólar frente ao real. “Somando-se ao câmbio competitivo, há a conjunção de quebra de safra e o crescimento da demanda interna impulsionada pela Covid-19, que trouxe maior consumo de produtos básicos -- tanto pelo auxílio emergencial quanto o deslocamento do consumo fora de casa para dentro do lar”, aponta a Apas.

A entidade destaca ainda que tem reforçado, desde o início da pandemia, para que os supermercados associados não aumentem suas margens de lucro e repassem aos consumidores apenas o aumento proveniente dos fornecedores. “O objetivo, deste modo, é assegurar o emprego dos nossos colaboradores e garantir que a população tenha alimentos de qualidade à disposição”, diz a Apas.

A Apas recomenda aos supermercadistas que continuem negociando com seus fornecedores e comprem somente a quantidade necessária para a reposição, bem como ofereçam aos seus consumidores opções de substituição aos produtos mais impactados por esses aumentos.

Produtos

Nos supermercados, os consumidores precisam ficar de olho nas promoções e ofertas para tentar fugir dos preços altos. Conforme pesquisa da Apas, o leite, por exemplo, apresentou queda no preço nos meses de junho (- 0,47%) e julho (- 1,18%) de 2019. Porém, em junho e julho de 2020 os preços do produto tiveram alta, respectivamente, de 2,07% e 4,95%.

Já o arroz apresentou queda nos quatro primeiros meses de 2019 (janeiro, fevereiro, março e abril), voltando a subir em maio (0,32%), junho (3,02%) e julho (1,17%). E este ano, o produto só aumentou de preço nos sete primeiros meses do ano, ou seja, de janeiro a julho. A maior alta foi em junho de 2020 (6,02%).

O feijão teve forte alta nos três primeiros meses do ano passado, mas caiu em mais em abril e maio. Em 2020, o preço do feijão caiu pouco entre janeiro e fevereiro, com forte alta em abril (10,16%), e uma leve queda em julho (- 2,05%). E o óleo de soja apresentou cinco quedas de preço em 2019 nos meses de janeiro, fevereiro, abril, maio e julho, e leve alta em março e junho. Já este ano, o produto subiu de preço nos primeiros sete meses do ano (janeiro a julho).

Cesta básica tem aumento de 3,8% em Sorocaba

Cesta básica tem aumento de 3,8% em Sorocaba Preço da carne também subiu. Crédito da foto: Luiz Setti / Arquivo JCS (9/1/2020)

A alta do preço da cesta básica sorocabana em agosto foi de 3,8%. Os valores dos produtos de consumo básico subiram em média muito mais que os bens e serviços em geral na economia. No acumulado do ano, a cesta básica apresenta aumento de 8,87%, enquanto o IPCA-15 registrou alta de 0,67%.

Na comparação com agosto de 2019, a cesta de 34 itens teve aumento de 23%, ou seja, R$ 140,01 pagos a mais pelo consumidor, passando de R$ 608,88 para R$ 748,89. Entre julho e agosto de 2020, os 3,8% de aumento representa uma diferença de R$ 27,42.

O óleo de soja (900 ml)teve o maior aumento de julho para agosto (17%), indo de R$ 4,03 para R$ 4,71. As carnes bovinas de 1ª e 2ª estão entre os maiores aumentos (8,6% e 6,9% respectivamente), passando de R$ 26,13 para R$ 28,39 (primeira) e de R$ 20,40 para R$ 21,79 (segunda). O arroz (5 kg) subiu 4,1%, de R$ 18,48 para R$ 19,25. O leite longa vida registrou aumento de 3,7%, indo de R$ 3,67 em julho para R$ 3,80 em agosto. O feijão carioca (1 kg) apresentou queda de preço em agosto (-0,7%), passando a custa R$ 8,42.

Cebola (-21,5%0 e batata (-12,1%) tiveram as maiores quedas de preço no mês.

Bolsonaro diz que vai conversar sobre preços

Com receio do risco de inflação, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira que tem buscado conversar com associações de supermercados para tentar baixar os preços de produtos que compõem a cesta básica. Ele ponderou que não pretende dar “canetada em lugar nenhum”, nem interferir na área econômica. O comentário foi feito durante viagem a Registro, no Vale do Ribeira.

“Está subindo arroz, feijão? Só para vocês saberem, já conversei com intermediários, vou conversar logo mais com a associação de supermercados”, disse o presidente. “Estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí... estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro”, afirmou.

Na mesma conversa, Bolsonaro indicou que tem receio do risco de inflação. “Não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum... porque veio o auxílio emergencial, o pessoal começou a gastar um pouco mais, muito papel na praça, a inflação vem”, declarou. “A melhor maneira de controlar a economia é não interferindo. Porque se interferir, dar canetada, não dá certo”, ponderou na sequência. (Ana Cláudia Martins, com informações de Estadão Conteúdo)