Empresas de chocolate farão anúncio na televisão para pedir Páscoa até junho
Iniciativa também deve minimizar prejuízos de produtores artesanais que fizeram estoques de matéria-prima. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (11/3/2020)
A Chocolândia e mais doze empresas do ramo de chocolate vão lançar campanha para que a Páscoa dure até junho deste ano. A intenção é reduzir o impacto do novo coronavírus nas vendas da data comemorativa. “Uma Páscoa perdida é um ano perdido para nós. Essa data representa 40% das nossas vendas no ano”, diz o presidente da Chocolândia, Osvaldo Nunes. A campanha vai ter anúncios na televisão.
A rede de lojas costuma vender 3 mil toneladas de chocolate nesta época. “Até agora vendemos 35% disso”, diz Nunes. Boa parte dos clientes da rede são doceiros artesanais que compram barras para fazer ovos de Páscoa e outros produtos temáticos. A campanha será voltada, principalmente, para esse público e seus clientes.
“Uma ou duas das empresas (que estão na campanha) são produtoras de ovos, porque todas as outras são produtoras de barras para quem transforma e (faz) chocolates artesanais”, diz o presidente da Chocolândia. Dentre as empresas participantes, estaria a Nestlé, que não entrou em detalhes sobre se participará ou não do movimento. “A Nestlé entende que esse movimento de Páscoa é específico de produtores artesanais”, disse a empresa.
De baixa demanda e preocupação de produtor artesanal, Aline Nogueira entende bem. Dona da “Kidocinho”, ela faz bolos e doces para festas em sua própria casa e, em época de Páscoa, via a cada ano sua clientela de ovos e outros produtos típicos crescer “Esse ano eu vou, no máximo, empatar o que eu gastei em matéria prima”, diz. Ela fez as compras uma semana antes da pandemia de coronavírus chegar com força a São Paulo e fechar os comércios de bens não essenciais e escolas.
“Eu ainda fui cautelosa, não comprei tanto. Tem gente desesperada”, observa. Nas contas de Aline, os pedidos caíram de 70% a 80% em relação aos últimos anos. Ela explica que o chocolate é muito delicado, por isso, ainda que possa utilizá-lo em outros produtos que fabrica, não consegue armazená-lo por muito tempo com a estrutura que tem em casa.
A Cacau Show vai doar 300 mil ovos de chocolate. Crédito da foto: Luiz Setti / Arquivo JCS (28/3/2014)
A delicadeza do chocolate é o ponto ressaltado por Nunes, da Chocolândia, para dizer que o delivery não deve suprir o problema para as vendas deste ano. “Tenho cinco caminhões refrigerados. Temos feito entregas, mas é um transporte delicado Também temos recebido pedido por telefone e disponibilizado a retirada na loja”, diz.
O delivery tem sido a grande aposta das maiores fabricantes para lidar com a previsão de vendas fracas. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) informa que as fábricas têm feito parcerias com aplicativos para avançar no comércio eletrônico.
“A Páscoa ainda não aconteceu e as empresas estão reforçando serviços de venda on-line, por delivery, incluindo parcerias com aplicativos, de forma a ampliar as opções de acesso aos produtos para os consumidores que desejarem”, diz a entidade em nota.
As doações também são uma saída para lidar com o excedente. A Cacau Show, por exemplo, afirmou que não perderá nada por prazo de vencimento. “Não devemos perder nada por validade. Por isso, estamos criando mecânicas para conseguir entregar esses produtos, seja com ações promocionais para os nossos clientes ou doações”. Na sexta-feira, a empresa anunciou a doação de R$ 1,4 milhão em chocolates, além de 300 mil ovos de Páscoa. (Talita Nascimento - Estadão Conteúdo)
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