E-commerce deve crescer 4 vezes em 3 anos
Novas formas de pagamento instantâneo eliminarão intermediários da cadeia de provedores financeiros para o varejo. Crédito da foto: Marcos Santos / USP Imagens
Os varejistas brasileiros estão otimistas quanto ao crescimento do comércio eletrônico. As respostas de 592 dirigentes de empresas do ramo indicaram a expectativa de que nos próximos 3 anos o varejo on-line no Brasil será, no mínimo, multiplicado por 4. Foi perguntado quanto eles acreditavam que seria o porcentual das vendas por e-commerce nas vendas totais do setor no qual atuam. O valor ficou em 35,8%, o que indica a quadruplicação do cenário atual. Os dados são de levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas e Gouvêa Experience para o evento Global Retail Show 2020.
Quando o assunto é política econômica, porém, a possibilidade de sucesso da reforma administrativa já não é tão animadora. As respostas mostraram apenas 36% de chance do texto se tornar realidade e reduzir o “tamanho do Estado”. Quanto à reforma tributária, a probabilidade de sucesso sobe para 45%. Já a respeito das próximas eleições, os executivos veem 53% de chances de vitória da direita, enquanto avaliam que o País deve seguir polarizado nos próximos 3 anos.
Os entrevistados consideram alta a probabilidade da população seguir dividida igualmente entre centro, direita e esquerda, com um terço para cada espectro político. No cenário da próxima eleição, porém, eles imaginam que a esquerda teria apenas 7% de chances de vencer e o centro, 40%.
Quanto aos indicadores macroeconômicos, os empresários não tiveram posições tão claras. Afirmações como “a inflação baixa veio para ficar”, “a confiança do consumidor continuará em baixa”, “a taxa de juros real continuará próxima de zero” e “a desvalorização cambial do real frente ao dólar não se acentuará” receberam probabilidades de se concretizarem nos próximos 3 anos.
De volta ao campo dos negócios, os varejistas entrevistados acreditam fortemente (70,5% de chances) que os ecossistemas de negócios, no estilo Amazon e Alibaba, terão presença forte no Brasil. A possibilidade das fintechs concorrerem com os bancos tradicionais também é vista como altamente provável pelos entrevistados: 69,6% de chance.
Os participantes da pesquisa avaliam ainda que o open banking tem alta probabilidade de trazer mais concorrência ao sistema financeiro. A probabilidade disso acontecer nos próximos 3 anos seria de 74,3%. A lei geral de proteção de dados (LGPD) também teria fortes chances de impactar a forma como as empresas lidam com os dados de seus clientes: 72,3% de chances.
O consumidor, por sua vez, também deve mudar. Os empresários acreditam que o envelhecimento da população gerará necessidade de modificações significativas nos produtos, na comunicação e nas lojas como um todo. Foi apontada a probabilidade de 74,9% disso acontecer nos próximos 36 meses. Mais certeza ainda há sobre a digitalização do comércio. Os pesquisados apontaram 86% de chances dos consumidores digitais crescerem fortemente. Juntamente a isso, deve crescer a preocupação com a privacidade. Para esse ponto, a chance de concretização ficou em 73%.
Diversidade
Acredita-se também que os consumidores cobrarão cada vez mais respeito à diversidade de gênero, racial, política e social, além de mais responsabilidade social e ambiental das empresas.
Já sobre tecnologia, as formas de pagamento instantâneo que eliminarão intermediários da cadeia de provedores financeiros para o varejo, big data e inteligência artificial estão entre as criações que devem invadir a realidade dos clientes e lojistas.
As entrevistas foram feitas no período de 26 de agosto até 8 de setembro de 2020. Foi considerada probabilidade alta a porcentagem de mais de 65%; probabilidade média entre 40% e 64% e probabilidade baixa abaixo de 40%. (Talita Nascimento - Estadão Conteúdo)