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Dólar recua para R$ 4,08 e Bolsa sobe quase 2% com acordo entre EUA e México

27 de Agosto de 2018 às 18:40

bolsa Bolsa brasileira também se beneficiou do viés positivo no exterior. Crédito da foto: Cris Faga / Fox Press Photo / Folhapress (18/5/2018)

Após fechar a sexta-feira (24) na maior alta mensal em quase dois anos, o dólar começou a semana em baixa ante o real, em um movimento de correção favorecido por um exterior animado com sinais de alívio no protecionismo global e também sem grandes novidades no front eleitoral. O dólar comercial caiu 0,53%, para R$ 4,082. O dia teve oscilações, com a moeda chegando a R$ 4,051 na mínima e a R$ 4,118 na máxima.

Na última semana, o dólar acumulou alta de 4,8%, maior ganho para o período desde novembro de 2016. Uma bateria de pesquisas eleitorais aumentou o temor entre investidores de que Geraldo Alckmin (PSDB), candidato preferido pelo mercado, não chegue ao segundo turno, ao mesmo tempo em que começou a ser precificada a possibilidade de um nome do PT avançar na disputa.

Lá fora, o dólar perdeu força para 24 das 31 principais divisas globais, após os Estados Unidos e o México concordaram em reformular o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte, na sigla em inglês), num sinal de alívio relativo em tensões protecionistas por parte da maior economia do mundo.

O dólar comercial caiu 0,53%, para R$ 4,082

Os dois países chegaram a um acordo preliminar, abordando sobretudo regras referentes à indústria automobilística. O Canadá, porém, não participou das negociações das últimas semanas e, por enquanto, não está incluído no novo acordo.

A Bolsa brasileira também se beneficiou do viés positivo no exterior, principalmente após o presidente do Federal Reserve (banco central americano) ter reforçado na sexta o gradualismo na elevação da taxa de juros por lá, diminuindo a aversão global do investidor ao risco.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no Brasil, subiu 2,19%, para 77.929 pontos. O Dow Jones, principal índice de Nova York, ganhou 1,01%.

Internamente, investidores aguardam com cautela a divulgação de dados econômicos importantes -o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre sai na sexta-feira (31) e a expectativa é de quase estagnação- e esperam ainda o início da campanha eleitoral na televisão, também na sexta. Com 44% do tempo de TV na disputa, Alckmin poderia demonstrar se consegue garimpar votos e deslanchar nas pesquisas.

Projeções

Depois de bater na terça (21) a marca dos R$ 4 pela primeira vez em cerca de dois anos e meio, economistas elevaram suas projeções para o dólar e a inflação em 2018 na pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada nesta segunda (27).

A expectativa para a taxa de câmbio em 2018 passou de R$ 3,70 para R$ 3,75. A última vez que houve um aumento de cinco centavos nas projeções foi em 29 de junho, após o dólar disparar acima de R$ 3,90 naquele mês e forçar uma intervenção mais firme do Banco Central. Para o próximo ano, foi mantida a expectativa de um câmbio a R$ 3,70.

Com maior pressão no câmbio, especialistas reviram também as perspectivas para o IPCA, inflação oficial do país, calculado agora em 4,17%, contra 4,15% na semana passada. Há um mês, a expectativa era de 4,11%.

O centro da meta inflacionário do governo para 2018 é de 4,50% e de 4,25% no próximo ano. Ambos têm uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. No acumulado de 2018 até julho, o IPCA avançava 2,94%. Mas, em 12 meses, a alta já está em 4,48%.

Apesar da aceleração do câmbio e uma eventual pressão no IPCA, o nível ainda baixo da inflação fez especialistas manterem a projeção de uma Selic (taxa básica de juros) estável na mínima histórica de 6,50% até o fim do ano. Para 2019, a previsão também prevalece em 8%.

A magnitude do impacto do câmbio na inflação divide economistas. Para André Perfeito, economista-chefe da Spinelli Corretora, a alta do dólar vai impactar os preços e ameaça levar a inflação para cima do centro da meta estabelecida pelo governo. "O dólar vai bater na inflação. Eu vejo um IGP-M [índice de preços usado como base para reajuste dos principais contratos de locação] em 8% ao ano, em parte pelo câmbio também", afirma.

O nível ainda baixo da inflação fez especialistas manterem a projeção de uma Selic (taxa básica de juros) estável na mínima histórica de 6,50% até o fim do ano

Segundo ele, a aceleração da moeda americana tende a forçar o BC a aumentar os juros na reunião logo após o segundo turno das eleições, nos dias 30 e 31 de outubro.

Na conta de Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da área de macroeconomia e política da consultoria Tendências, uma depreciação cambial de 10% eleva em 0,4 ponto percentual a inflação e o repasse costuma acontecer um trimestre após a alta. "Mas, como a economia está fraca e a recuperação, moderada, o repasse tem se mostrado mais limitado. As empresas preferem reduzir margem do que passar isso para o preço final. E mesmo que haja um repasse um pouco maior, a inflação bateria 4,25%, ou seja, dentro da meta", afirma. (Anaïs Fernandes - Folhapress)