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Diretor do Ciesp faz análise sobre a decisão da Ford em deixar o país

15 de Janeiro de 2021 às 01:22
Marcel Scinocca [email protected]

Montadora decidiu fechar fábricas e encerrar a produção no Brasil. Crédito da foto: Marie Hippenmeyer / AFP

O diretor-titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Regional de Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, comentou na terça-feira (12) os impactos para a região da decisão da Ford de deixar de produzir veículos no Brasil. Para ele, há impactos, mas pequenos e de curto prazo.

“Sorocaba é um das cidades principais a nível de produção de autopeças, a cadeia produtiva que fornece para as montadoras”, diz. Ele lembrou que empresas com produção na cidade, como ZF, recebem insumos de empresas menores.

“Essas empresas, num primeiro momento, vão ter reflexos”, diz. Para ele, entretanto, os consumidores da Ford migrarão para outras empresas.

“O pessoal vai continuar comprando carro, talvez, não da Ford.” Com isso, as empresas fornecedoras terão se adequar para os novos clientes/montadoras. “O impacto imediato, talvez seja esse remanejamento”, lembra.

A previsão é de cinco mil pessoas perderam seus empregos com a decisão da Ford. Segundo ele, para cada emprego direto, há quatro indiretos. “Estamos falando em 20 mil empregos”, diz. Ele ainda citou a questão de outras montadoras, como a General Motors, que está investindo em novos produtos e novos mercados. “A Ford deu uma estacionada e isso não é só no Brasil”, comenta. “Você precisa caminhar para a modernização”, lembra.

Para Syllos, além de fazer a análise da cidade ou da região, é preciso encarar a situação como um alerta para o Brasil. “A indústria vem sendo penalizada há décadas por um tributação muito exagerada, fazendo um comparativo, inclusive, com outros países. Não é só no setor automotivo. É na indústria como um todo. Você acaba tendo dificuldade de competitividade. E com isso, acredito que o Brasil precisa de uma agenda, não só de modernização, mas também de direcionar o governo na questão tributária”, opina. “Os governantes, em todas as esferas, precisam ter um olhar menos ganancioso em nível de arrecadação impostos. Não é a Ford que está saindo, são empregos que estão nos deixando”, acrescenta.

A insegurança jurídica no Brasil, conforme ele, é outro problema que tira a competitividade do Brasil. Por fim, ele lembrou que o Brasil opera com 40% da sua capacidade produtiva, em se tratando da indústria automobilística. O setor pode produzir anualmente 5 milhões de veículos, mas produz, em média, 2 milhões. As concessionárias Ford da região foram procuradas para comentar a situação, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição. (Marcel Scinocca)