Copom corta Selic para 2,25% ao ano
É o oitavo corte consecutivo da taxa básica de juros. Crédito da foto: Bruno Rocha / Fotoarena / Arquivo Estadão Conteúdo (31/7/2019)
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica da economia) em 0,75 ponto porcentual, de 3,00% para 2,25% ao ano. Este é o oitavo corte consecutivo da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.
Ao justificar a decisão de ontem, o BC avaliou que o corte de 0,75 ponto porcentual reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva. Segundo o colegiado, a decisão é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021.
No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário híbrido que utiliza câmbio fixo e juros do mercado financeiro, conforme o Relatório de Mercado Focus, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2020 de 2,4% para 2,0%. No caso de 2021, a expectativa passou de 3,4% para 3,2%.
A queda na taxa contribuirá para reduzir o custo de financiamentos para empresas e para a população, segundo avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Mais este corte na taxa Selic, certamente contribuirá para a queda do custo de financiamento das empresas e também da população, que, mais do que nunca, necessitam de crédito para atravessar a fase aguda da crise econômica decorrente da pandemia da Covid-19”, avalia o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Em função do corte da Selic de ontem, o Brasil também passou a registrar juro real (descontada a inflação) negativo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que, com a Selic a 2,25%, o juro real brasileiro passou a ser de -0,78% ao ano. O País possui agora o 14º juro real mais baixo do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.
Os cortes da Selic não facilitam necessariamente o acesso ao crédito. Muitos bancos, inclusive, estão tornando mais rígidas suas condições, temendo falências em série e um aumento das inadimplências.
Para Jason Vieira, economista da Infinity Assets, o BC deve avaliar por que os modelos de referência não estão funcionando. “Nunca tivemos uma taxa tão baixa. Então, por que essa resistência do sistema financeiro (em gerar créditos)?”, pergunta. (Estadão Conteúdo e AFP)