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Cadastro positivo pode ajudar retomada do crédito

31 de Maio de 2020 às 00:01

Cadastro positivo pode ajudar retomada do crédito Risco de inadimplência diminui com histórico do consumidor. Crédito da foto: Aldo V. Silva / Arquivo JCS (17/6/2016)

O cadastro positivo pode ser uma importante ferramenta de incentivo ao crédito na fase de retomada da economia brasileira após a turbulência gerada pela pandemia do novo coronavírus, conforme especialistas. A ferramenta, que entrou em vigor no ano passado sob a expectativa do setor de reduzir calotes e os juros no País, deve passar pelo primeiro grande teste devido à crise.

Se um melhor histórico de crédito já fazia sentido antes, agora, com os efeitos da pandemia, pode ser ainda mais importante. “A crise, que atingiu de forma rápida e profunda a economia, traz desafios enormes do ponto de vista de concessão de crédito e risco de inadimplência, que vem subindo em patamares consideráveis”, analisou o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, em live promovida pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) e pela Serasa Experian.

Segundo ele, debater o cadastro positivo como ferramenta é uma iniciativa importante para o setor combater a inadimplência, à medida que melhora a qualidade de informação nas mãos das entidades que ofertam crédito no País. No primeiro trimestre, os bancos já reservaram um colchão extra de provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, antevendo o aumento de calotes por conta da pandemia.

A crise gerada pelo novo coronavírus adiciona, na visão do diretor de regulação do Banco Central, Otávio Damaso, um cenário de desafio adicional à ferramenta. “Logo no início da sua trajetória, o cadastro positivo já se depara com um evento que naturalmente tem de ser observado e analisado pelos birôs de crédito”, reforçou ele.

Apesar do cenário desafiador, o presidente da Acrefi, Hilgo Gonçalves, acredita que é preciso seguir em frente com a agenda de crescimento do País e que, nesse sentido, o cadastro positivo trará benefícios. Para ele, o instrumento é um “divisor de águas” e que vai ajudar, principalmente, as pequenas e médias empresas, que estão sendo as principais prejudicadas na pandemia. “Estima-se a inclusão de mais de 20 milhões de cidadãos e também de micros, pequenos e médios empresários -- grandes geradores de emprego --, que serão diretamente beneficiados com o Cadastro Positivo”, destacou.

Na atual situação do País, com o Produto Interno Bruto (PIB) caminhando para amargar a pior queda dos últimos anos, o superintendente-geral da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), Joaquim Kavakama, vê no cadastro positivo uma relevância adicional. “É indispensável neste momento, que precisamos olhar para uma recuperação econômica”, avaliou.

O “novo” cadastro positivo entrou em vigor no Brasil em julho do ano passado. Com o modelo atual, os consumidores são incluídos na lista de bons pagadores de forma automática e não mais opcional como antes. Podem, contudo, deixar o sistema a qualquer momento, modelo batizado de “opt out”. (Aline Bronzati - Estadão Conteúdo)