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Bolsa fecha em alta de 7,14%, a maior desde 2008

10 de Março de 2020 às 18:40

Ibovespa, após seis perdas, alcança o segundo melhor pico da história Fachada do prédio da Bolsa de Valores de São Paulo. Crédito da foto: Hugo Arce / FP (5/1/2014)

Apesar da dimensão do ajuste, esta terça-feira (10) foi de correção técnica para o Ibovespa após o mergulho do dia anterior, quando o índice de referência da B3 havia registrado sua maior perda (-12,17%) desde 10 de setembro de 1998. Nesta terça, fechou em alta de 7,14%, o maior avanço desde 8 de dezembro de 2008 (+8,31%), quando o então presidente eleito dos EUA Barack Obama anunciava pacote de investimentos em infraestrutura, em reação à crise americana, tornada global.

Em mais um dia de movimento amplificado entre a mínima, de 86 070,96 pontos, e a máxima, de 92.230,27 pontos, atingida bem perto do fechamento, o giro financeiro totalizou R$ 40,0 bilhões na sessão, após ter chegado a R$ 43,9 bilhões na segunda-feira, o maior do período pós-carnaval.

No ano, o Ibovespa cede 20,26%, no mês, 11,48%, e na semana, 5,90%. Aos 92.214,47 pontos no fechamento desta terça, o Ibovespa retomou nível observado em maio do ano passado - em 20 de maio de 2019, o índice fechou aos 91.946,19 e, no dia seguinte, aos 94.484,63 pontos.

Ganhos

Os ganhos em São Paulo se acentuaram por volta das 16 horas, em correlação com Nova York, após a mídia americana ter reportado reunião entre o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi. Após o encontro, Mnuchin disse haver entendimento entre republicanos e democratas sobre resposta econômica ao coronavírus, sem dar detalhes adicionais. Em encontro com senadores republicanos, o presidente Donald Trump teria sinalizado que pretende desonerar a folha de pagamentos até a eleição presidencial de novembro.

"Há muita conversa sobre estímulos, mas ainda não tivemos confirmação de uma atuação fiscal mais firme. Os problemas sobre a mesa, relacionados ao coronavírus, continuam os mesmos, não houve mudança de ontem para hoje", diz André Perfeito, economista-chefe da Necton.

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"Tivemos uma recuperação natural, pontual, dado o tombo da véspera, que abriu oportunidade para o mercado tomar ações com desconto, movimento visível desde a abertura da sessão", diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos. "O cenário continua muito nebuloso: não dá pra dizer que há uma mudança de tendência, com essa volatilidade que está aí", acrescenta.

Alta na B3

A alta na B3 foi superior à observada em Nova York ao longo da sessão - os três índices de referência de NY fecharam com ganhos na faixa de 4,9% nesta terça-feira, tendo chegado a tocar terreno negativo, mais cedo. Na Europa, os principais mercados fecharam em baixa: destaque para Milão (-3,28%), com a Itália em quarentena pelo coronavírus em meio à progressão do Covid-19 pelo continente.

O preço do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China, fechou em alta de 4,70% nesta terça-feira, a US$ 92,09 a tonelada, ante a expectativa de estímulos globais para reduzir o impacto econômico do coronavírus. O avanço da commodity colocou a ação da Vale (+18,45%) entre as de melhor desempenho no Ibovespa.

Na ponta do índice, Via Varejo subiu nesta terça 21,29%, seguida por Vale e por CCR (+17,32%). Após perda de 29,7% no dia anterior, Petrobras PN subiu 9,41% e a ON, 8,51%, com o Brent para maio em alta de 8,32% no fechamento desta terça na ICE, a R$ 37,22 por barril, em recuperação moderada ante a queda de 24% no dia anterior. (Estadão Conteúdo)