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BC mantém Selic em 2%, mas sinaliza alta para 2021

10 de Dezembro de 2020 às 00:01

BC mantém Selic em 2%, mas sinaliza alta para 2021 Copom decidiu ontem pela manutenção da taxa básica de juros. Crédito da foto: Arquivo Agência Brasil

Apesar da aceleração recente da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem, por unanimidade, manter a Selic (a taxa básica da economia) em 2% ao ano. Esta é a terceira vez que a Selic não sofre alteração, após nove cortes consecutivos. Com isso, a taxa se manteve no menor nível da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Em seu comunicado, no entanto, o BC preparou o terreno para possível elevação dos juros em 2021.

O motivo é que as projeções de inflação estão se aproximando das metas perseguidas pelo BC nos próximos anos. Com isso, a avaliação é de que a instituição poderá acabar com o chamado forward guidance (ou prescrição futura, na tradução do inglês).

Adotado em agosto, o forward guidance é uma indicação técnica do BC de que não pretende elevar os juros se a inflação seguir sob controle e o risco fiscal não se alterar. O problema é que, nos últimos meses, a inflação ao consumidor está mais salgada, puxada por aumentos de preços em itens como alimentos e energia. O IPCA -- índice oficial de inflação -- fechou novembro com alta de 0,89%. Este foi o maior porcentual para o mês desde 2015. Em 12 meses, a inflação acumulada já chega a 4,31%.

Ao avaliar o cenário, o BC afirmou que “em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas”. Na prática, se retirar este ponto técnico de suas comunicações, o BC ficará mais livre para elevar os juros se achar necessário.

No mercado financeiro, a expectativa de alta de juros em 2021 já é uma realidade. No Relatório de Mercado Focus, que compila as projeções das instituições financeiras, a expectativa é de que a Selic suba para 2,25% em agosto do próximo ano. O mês marcaria o início do ciclo de alta de juros. Mas pelo menos uma instituição, conforme o Focus, espera por uma elevação já em janeiro. Estes cálculos foram feitos antes da decisão de ontem.

No comunicado, o BC também alterou suas projeções para a inflação em 2020, de 3,1% para 4,3%. O valor já está acima do centro da meta perseguida, de 4% -- a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, o BC elevou a projeção de inflação de 3,1% para 3,4%.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro adota um discurso dúbio em relação à adoção das vacinas contra a Covid-19, que começam a ser aplicadas em outros países, o BC avaliou de forma positiva a possibilidade de imunização. No comunicado, ao analisar a economia global, a instituição afirmou que “os resultados promissores nos testes das vacinas tendem a trazer melhora da confiança e normalização da atividade no médio prazo”. (Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues, colaborou Altamiro Silva Junior - Estadão Conteúdo)