Bancos serão testados com trabalho remoto e tecnologia
Membros do comitê avaliaram o sistema bancário global diante dos riscos da Covid. Crédito da foto: Eva Hambach / Arquivo AFP (21/2/2020)
O Comitê de Supervisão Bancária de Basileia avaliou que as perspectivas para a estabilidade financeira global continuam incertas e que, entre os fatores que podem aumentar os riscos para o sistema bancário, estão a trajetória das infecções e medidas de contenção do coronavírus, um período de recuperação prolongado e o cancelamento e o fim das medidas de suporte. “A resiliência operacional do sistema bancário continuará a ser testada à luz do aumento do trabalho remoto e da dependência dos bancos em tecnologia e prestadores de serviços terceirizados”, previu por meio de comunicado.
Para o comitê, o sistema bancário entrou na atual turbulência com uma base mais resiliente do que na crise financeira internacional de 2007 a 2009, porque, justamente depois desse período, foram feitas reformas no conjunto de normas de Basileia III e os recursos de capital e liquidez dos bancos também ficaram maiores. O grupo informou que está fazendo consultas sobre um conjunto de princípios para aumentar a resiliência operacional dos bancos.
“Os membros do Comitê da Basileia reafirmaram por unanimidade sua expectativa de implementação total, oportuna e consistente de todos os padrões de Basileia III pendentes com base no cronograma revisado endossado pelo Grupo de Presidentes e Chefes de Supervisão no início deste ano”, informou o comitê.
Os membros da instituição que tem sede em Basileia, na Suíça, se reuniram nos dias 14, 18 e 25 de setembro para avaliar os riscos da Covid-19 para o sistema bancário global e vulnerabilidades relacionadas com a pandemia. “O comitê reitera sua orientação anterior de que os bancos devem fazer uso do capital de Basileia III e amortecedores (buffers) de liquidez durante esta crise para absorver choques financeiros e apoiar a economia real por meio de empréstimos a famílias e empresas com capacidade de crédito”, salientou, acrescentando que os supervisores darão aos bancos tempo suficiente para restaurarem seus amortecedores, levando em consideração as condições econômicas e de mercado e as circunstâncias de cada banco.
O comitê também reforçou que continuará monitorando os riscos da Covid-19 para o sistema bancário global e buscará medidas adicionais, se for necessário. Além de discutir a crise da Covid-19, o comitê aprovou os resultados do exercício de avaliação anual para os bancos considerados muito grandes para quebrarem, conhecidos pela sigla G-SIBs. Os resultados serão submetidos ao Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) antes da publicação da lista 2020.
Foi aprovado pelo comitê um plano de trabalho atualizado para avaliar suas reformas pós-crise, que incorporará “as lições aprendidas com a crise da Covid-19”. Entre os pontos a serem avaliados estarão: até que ponto as reformas pós-crise alcançaram seus objetivos; as interações entre as reformas de Basileia III e outras reformas pós-crise; e se há lacunas na estrutura regulatória ou efeitos indesejados significativos. (Célia Froufe - Estadão Conteúdo)