Balança tem superávit de US$ 8 bi em julho
Commodities agrícolas impediram uma queda maior no total de vendas para o exterior. Crédito da foto: Ivan Bueno / Arquivo AG. Paraná (4/8/2017)
Com queda de 35% nas importações por causa da pandemia do coronavírus, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 8,060 bilhões em julho. Trata-se do maior saldo mensal já registrado na série histórica do Ministério da Economia, que tem início em 1989.
O resultado de julho foi mais do que o dobro registrado no mesmo mês do ano passado, quando foi positivo em US$ 2,391 bilhões. No mês passado, a corrente de comércio (soma das exportações e importações) recuou 18%.
As exportações somaram US$ 19,566 bilhões, uma queda de 2,9% ante julho de 2019. Já as importações chegaram a US$ 11,506 bilhões, um recuo de 35,2% na mesma comparação. Na quinta semana de julho (27 a 31), o saldo comercial foi de superávit de US$ 1,797 bilhão.
De janeiro a julho, a balança comercial acumula superávit de US$ 30,383 bilhões. O valor é 8,2% maior do que o mesmo período do ano passado. Houve um recuo de 6,4 % nas exportações e de 10,5% nas importações do período.
Em meio à pandemia, os produtos agrícolas estão impedindo uma queda maior nas exportações brasileiras. No mês passado, o setor agropecuário teve aumento de 17,3% nas exportações. Houve queda, porém, nas vendas de produtos dos outros setores: 1,5% em indústria extrativa e 12% em bens da indústria de transformação.
Já nas importações, houve recuo de 6,5% na agropecuária, queda de 62,7% em indústria extrativa e de 33,6% em produtos da indústria de transformação.
Segundo semestre
O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, disse que as exportações brasileiras de manufaturados podem ter um desempenho melhor no segundo semestre, a depender da recuperação dos Estados Unidos e Europa.
Ele ressaltou que as vendas externas desse tipo de produto estão em queda justamente porque têm como destinos locais muito afetados pela crise provocada pela pandemia do novo coronavírus e que são mais impactados pela queda de renda dos consumidores, o que não ocorre com os produtos agrícolas.
“Observamos alta resiliência de nossas exportações em produtos agropecuários. Nossas exportações agrícolas vão principalmente para Ásia, que tem recuperação à frente do resto do mundo. As cadeias agrícolas foram menos afetadas pela crise e são ajudadas pelo câmbio”, analisou.
Para Ferraz, o pior da crise “parece já ter passado”. Ele ressaltou que, nas importações, houve queda generalizada em todos os setores, devido ao fato de a economia brasileira ainda estar sob os efeitos da pandemia. (Lorenna Rodrigues - Estadão Conteúdo)