Mesmo com restrições em muitos setores, maio registrou movimentação superior a abril. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (10/6/2020)

O Índice de Atividade Econômica da Fundação Getulio Vargas (IAE-FGV) registrou crescimento de 0,5% no mês de maio, quando comparado a abril. Essa é a primeira estatística positiva obtida desde o impacto inicial da pandemia do novo coronavírus na economia brasileira, em meados de março. Os dados divulgados ontem se juntam a outros indicadores recentes que demonstram na prática a reação das atividades produtivas no País.

A alta de maio mostra uma leve recuperação do tombo do mês anterior, quando o indicador teve redução de 9%. Em março, quando começaram os primeiros efeitos das política de isolamento social, a queda havia sido de 4,9%.

No entanto, a comparação entre 2019 e 2020 dá mostras mais claras de como as atividades produtivas foram prejudicadas pela pandemia. Comparado a maio de 2019, o IAE registra queda de 13%. A mesma redução se deu na comparação interanual para mês de abril.

“As atividades industriais e de serviços seguem sendo as que registram os maiores impactos negativos, com quedas significativas, na análise interanual, embora sejam menores do que as registradas em abril”, diz nota da FGV. “As quedas mais acentuadas na indústria total foram na transformação, seguida da construção, e, nos serviços as maiores quedas foram no comércio, em outros serviços e nos transportes‘, afirma a instituição.

O IAE é um indicador que, conforme explica a FGV, “antecipa a tendência da economia brasileira” por meio de pesquisas mensais de atividade divulgadas pelo IBGE: a Pesquisa Industrial Mensal -- Produção Física (PIMPF); Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).

Serviços em queda

Na contramão da tendência da economia em geral, a queda de 0,9% no volume de serviços prestados em maio na comparação com abril, anunciada ontem pelo IBGE, jogou um balde de água fria na possibilidade de o segundo trimestre ter um desempenho econômico um pouco melhor do que o esperado para este setor. Conforme os dados do IBGE, com a queda de 0,9%, o nível da atividade dos serviços ficou 27,9% abaixo do pico da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em 2012.

Leve inflação em junho indica retomada gradual da economia

A alta nos preços dos combustíveis explica boa parte da virada na inflação oficial do País em junho. Após dois meses de deflações, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a subir, fechando junho em 0,26%, segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice havia recuado em abril (-0,31%) e em maio (-0,38%) por conta dos efeitos da paralisia na economia provocada pela pandemia da Covid-19. Apesar da aceleração em junho, o resultado ainda ficou perto do piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro, que esperavam uma inflação mediana de 0,30%.

“A taxa positiva foi sustentada pela alta do preço do petróleo no mercado internacional”, lembrou o estrategista-chefe do Banco Mizuho para América Latina, Luciano Rostagno. Segundo ele, a recuperação gradual da economia não cria riscos para o cenário inflacionário, que permanece benigno. A elevada ociosidade da capacidade de produção deve manter as leituras de inflação baixas pelos próximos meses”, previu. (Da Redação, com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)