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Após salto, dólar perde fôlego e fecha em baixa a R$ 4,14

05 de Setembro de 2018 às 19:11

O real encerrou o dia a R$ 4,14. Crédito da foto:Marcello Casal Jr/Agência Brasil (11/4/2016)

 

Apesar do salto pela manhã, o dólar mudou de direção e fechou em baixa nesta quarta-feira (5), conforme a pressão externa a países emergentes deu sinais de arrefecimento, mas com o cenário eleitoral ainda exigindo cautela de investidores. O dólar comercial abriu em alta e foi a R$ 4,186, mas terminou o pregão em queda de 0,26%, cotado a R$ 4,144.

"O que vemos é algum movimento de realização de quem estava vendido no patamar de R$ 4,17", diz Mauriciano Cavalcante, gerente de câmbio da Ourominas.  "O próprio mercado tenta se equilibrar, busca uma acomodação. Quando percebe que não consegue romper muito além de R$ 4,17, quem vinha ganhando com a alta do dólar aproveita para ter uma variação cambial positiva e vender a R$ 4,15 no lugar de R$ 4,10, por exemplo", completa Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Entre os emergentes, o dia foi misto. Das 24 principais divisas, 13 perderam para o dólar. O real acompanhou o movimento de valorização da lira turca (+1,58%) e do peso argentino (+0,99%).

"Os emergentes recuperaram hoje parte das perdas de ontem, compensando possíveis exageros", disse o Banco Fator em relatório. O rand sul-africano, no entanto, liderou as perdas (-0,61%). A África do Sul entrou em recessão no segundo trimestre pela primeira vez desde 2009, após a agência de estatísticas do país informar que a economia contraiu 0,7% no período.

O dólar chegou a ganhar força ao longo do dia em meio a temores de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possa intensificar a guerra comercial com a China ao impor tarifas sobre mais importações chinesas.  Os mercados acompanhavam ainda, aponta o Fator, duas importantes negociações internacionais: "na América os Estados Unidos e o Canadá voltaram a conversar sobre o Nafta e na Europa os governos britânico e alemão abriram mão de exigências do 'brexit', facilitando um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia."

Os principais mercados acionários da Europa fecharam em forte baixa. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 1,39%, enquanto em Londres a baixa do FTSE 100 foi de 1%. Em Wall Street o viés também foi negativo. O Dow Jones, principal de Nova York, oscilou muito e fechou praticamente estável (+0,09%). O S&P 500 recuou 0,28%, e o índice de tecnologia Nasdaq, 1,19%. Apesar da maior aversão a risco no exterior, a Bolsa brasileira conseguiu se estabilizar em alta. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, avançou 0,51%, a 75.092 pontos.

O movimento foi impulsionado pela disparada da Suzano (+7,4%), após a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) rejeitar pedidos para interromper o prazo de convocação de um assembleia de acionistas da Fibria para avaliar, entre outras propostas, a fusão entre as companhias.

Eleições

Internamente, o cenário eleitoral segue no radar dos investidores. De acordo com a Folha de S.Paulo, integrantes da cúpula do PT afirmam que a conversa de Lula com seu vice, Fernando Haddad, na carceragem da Polícia Federal, na segunda-feira (3), foi conclusiva, e o partido deve anunciar a troca oficial de candidato em Curitiba, onde Lula está preso, na próxima terça (11).  O ex-presidente teve sua candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na madrugada do último sábado (1º) com base na Lei da Ficha Limpa.

Na decisão, a Justiça deu até o dia 11 para o PT escolher um substituto para a cabeça de chapa. Com a mudança no cenário, a divulgação de pesquisas eleitorais previstas para os últimos dias foram postergadas. O Ibope fez uma consulta ao TSE após realizar uma "adequação" que retirou da pesquisa o cenário com Lula. O Datafolha, que também divulgaria levantamento, resolveu suspendê-lo e fazer outro para publicar na próxima segunda (10).

Investidores aguardam para ver se a propaganda eleitoral na TV, que começou no dia 31 de agosto, terá algum impacto para alavancar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin (PSDB), candidato preferido pelo mercado por ser visto como um nome mais reformista, mas que tem patinado nas pesquisas.  A equipe da corretora Mirae avaliou em nota a clientes que a não divulgação das pesquisas adicionam um fator de preocupação. O temor do mercado é sobre a capacidade de Lula, que vinha liderando as pesquisas de intenção de voto, transferir votos para Haddad. (Anaïs Ferndes/ Folhapress)