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Alta na energia impacta os pequenos negócios em Sorocaba

19 de Outubro de 2018 às 11:14
Ana Claudia Martins [email protected]

Alta na energia impacta pequenos negócios Marina e Raimundo instalaram sistema fotovoltaico em casa. Crédito da foto: Fábio Rogério

Consumidores e empresários de Sorocaba consideram abusivo o aumento da tarifa de energia elétrica pela CPFL Piratininga, que passará a valer a partir da próxima terça-feira, dia 23. O reajuste anual será de 18,7% para residências e pequenos comércios e de 20,18% para os consumidores de alta tensão (indústrias e grandes comércios), como noticiado na quarta-feira. É válido para Sorocaba e outras 14 cidades da região metropolitana.

Além de pesar no orçamento das famílias, o aumento na conta de luz terá impacto nos custos de empresas, incluindo pequenos comércios e prestadores de serviços. É quatro vezes maior que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, medida pela IPCA, que foi de 4,53%. Além disso, o consumidor já paga há cinco meses seguidos o patamar mais alto da bandeira tarifária vermelha, que adiciona na conta de luz R$ 5 a cada 100 quilowatts-hora (kWh)

A proprietária de uma lavanderia na Vila Assis, em Sorocaba, Carolina de Mello Gali, atua no ramo há 30 anos e disse que o aumento da energia elétrica é abusivo e totalmente inapropriado. “O ano já está quase terminando e neste momento não temos como repassar os custos desse reajuste para os clientes”, diz.

Segundo Carolina, a energia elétrica é fundamental para o negócio, pois os equipamentos ficam ligados diariamente por cerca de 12 horas, das 7h às 19h. O gasto atual é de cerca de R$ 1.100 por mês. “A energia elétrica é a matéria-prima da lavanderia. Sem ela, a empresa não tem como funcionar, mas meus clientes não vão entender um aumento de quase 20% no valor do serviço”, reclama.

Sem ter como repassar neste momento o reajuste para os consumidores, Carolina disse que ela e outros pequenos empresários terão que “amargar” mais esse aumento e diminuir a margem de lucro. “Vamos arcar com mais esse prejuízo e tentar repassar um pouco desse aumento da tarifa de energia elétrica para os clientes no ano que vem.”

O reajuste na energia elétrica para cidades da região de Sorocaba foi aprovado na terça-feira, dia 16, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A CPFL Piratininga atende 27 municípios no Estado de São Paulo, com 15 deles na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS).

A Aneel informou que para calcular o reajuste, conforme estabelecido no contrato de concessão, a agência considera a variação de custos associados à prestação do serviço. “No caso da CPFL Piratininga, os itens que mais contribuíram para o reajuste foram os custos de aquisição de energia, componentes financeiros como risco hidrológico e encargos setoriais”, disse a Aneel em nota.

Energia solar reduz valor da conta

O casal Marina e Raimundo Manoel Rodrigues investiu R$ 20 mil há dois anos em um projeto de energia solar fotovoltaica para fugir dos constantes aumentos na tarifa de eletricidade. Após reformar a casa, que fica na zona norte de Sorocaba, eles decidiram colocar 11 placas fotovoltaicas no telhado, contratando uma empresa de energia solar.

O resultado superou as expectativas do casal, que antes pagava R$ 350 por mês com a conta de energia elétrica. Agora, paga somente a tarifa mínima da CPFL Piratininga, em torno de R$ 40.

Raimundo afirma que a decisão de procurar alternativas de fontes de energia partiu da esposa. “Colocamos aparelhos de ar-condicionado na casa e no ateliê de costura da minha esposa, que fica nos fundos, mas se não tivéssemos optado pelo projeto de energia solar fotovoltaica, com esse aumento íamos pagar uma conta absurda todo mês”, considera Raimundo.

Marina trabalha no ateliê, onde produz vestimentas religiosas para 18 paróquias de Sorocaba. Diariamente usa oito máquinas de costura, todas elétricas. “Faço mais de 100 peças de roupas religiosas por mês, além de outras encomendas, e preciso manter as máquinas ligadas várias horas por dia. Então, se fôssemos depender somente da energia elétrica [da distribuidora] a conta iria diminuir os meus lucros”, afirma.

O casal aponta como vantagem o fato de que o equipamento chamado inversor -- que foi instalado na residência e que joga a energia solar não utilizada na rede da concessionária -- gera estoque do que não foi consumido. “Passamos a gerar energia, a estocar o excedente e ainda economizamos na conta”, segundo Marina.