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5,5 milhões de informais correm risco de perder ajuda de R$ 600

21 de Abril de 2020 às 00:01

5,5 milhões de informais correm risco de perder ajuda de R$ 600 Aplicativo da Caixa tem que ser acessado pela internet. Crédito da foto: Marcelo Casal Jr. / Arquivo Agência Brasil (7/4/2020)

Quando o casal Viviane Santos e Adriano da Silva soube do auxílio emergencial de R$ 600 para informais e autônomos de baixa renda por conta da pandemia do novo coronavírus, a sensação foi de alívio. “Mas, quando vimos a burocracia para conseguir o recurso, foi como se o fim do túnel ficasse mais longe”, diz Viviane.

“O trabalho desde a pandemia está reduzido a zero”, conta Adriano, que é pedreiro. Sem emprego fixo e morando em uma ocupação na periferia de São Paulo, eles nunca contaram com o poder público para o básico: água, luz ou saneamento. O acesso à internet, que Viviane usaria para marcar faxinas, também é raro. “É como se a gente fosse invisível”, resumem.

Entre os economistas, é quase um consenso que o benefício de R$ 600 para desempregados, autônomos e informais de baixa renda é fundamental para evitar o colapso de milhões de famílias, que ficaram sem rendimento durante o isolamento social. Mas fazer o recurso chegar a quem não fazia parte de programas como o Bolsa Família ou estava inscrita no Cadastro Único é mais difícil do que parece.

Mais de 5,5 milhões de brasileiros com renda de até meio salário mínimo, elegíveis para receber o benefício, não têm conta em banco ou acesso regular à internet, mostra pesquisa do Instituto Locomotiva. Parcela quase invisível da população, são eles que correm o maior risco de não receber o auxílio.

“A crise do coronavírus tirou renda e jogou para a pobreza muita gente que tinha pouco, mas não era alvo de programas sociais. O vírus joga luz a problemas que já existiam, como a baixa renda dos informais, e acentua uma desigualdade histórica”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Onyx

O governo prevê começar a calcular alternativas de como levar o auxílio emergencial de R$ 600 para pessoas sem acesso à internet a partir de maio, segundo o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. A estimativa da pasta é de que a maior parte dos informais já será contemplada por meio do aplicativo e do site criados pela Caixa ainda este mês.

Onyx disse considerar que mesmo pessoas que não possuem acesso à tecnologia poderão contar com uma rede de apoio para fazer o seu cadastro virtual. “Se, ainda assim, surgirem situações expressivas, vamos tentar buscar essas pessoas. Mas, pelo aplicativo e site já temos resultados expressivos, o brasileiro está muito digitalizado. Caso a pessoa não consiga (pelo site ou aplicativo), ela pode ir a uma agência da Caixa, em uma associação comunitária, enfim, tem toda uma rede de solidariedade para ajudá-la”, afirmou. (Douglas Gavras e Julia Lindner - Estadão Conteúdo)