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Viola universal e sem limite de Vignini

30 de Dezembro de 2020 às 00:01

Viola universal e sem limite de Vignini Músico lança “Cubo”, o terceiro álbum produzido na quarentena. Crédito da foto: Divulgação

Talvez ele seja o artista que mais produziu nesses tempos de isolamento social. Ou algum outro nome teria feito mais de três álbuns desde março? E mais, sem essa de álbuns feitos com sobras de discos anteriores, como muito se faz. O violeiro Ricardo Vignini tem agora nas mãos “Cubo”, nas plataformas desde o dia 7 de dezembro, com dez faixas. São músicas próprias, muitas em parceria, e revisitações que não fazem exatamente parte do repertório violeiro. Ainda que tenha feito tudo remotamente, não houve economia de convidados. Dentre os 14 músicos ou cantores que o rodeiam, aparecem Francis Rosa, Fernando Nunes, Marcos Suzano, Humberto Zigler, André Rass, Adriana Farias, Adriano Magoo, Carlinhos Ferreira, Felipe Câmara, Álvaro Couto, Kuki Stolarski, Rodrigo Mantovani, Bruno Maia e Beto Scopel.

Vignini segue fazendo os movimentos libertadores da viola que realiza desde 1998. Não parece haver mais campos proibidos em que ele não possa pisar depois de tantas experiências. Seu álbum de agora, depois de mostrar “Reviola” em fevereiro e “Sessões Elétricas” em julho, é “Cubo”, uma coleção de temas que o colocam como um dos nomes de maior originalidade na música urbana instrumental. Uma a uma, suas escolhas rompem qualquer caminho proposto anteriormente para explorar um mundo novo em cada faixa

Ele começa com o rock Dharma, uma parceria com Socorro Lira, com voz do ótimo cantor e compositor de Joanópolis, Francis Rosa, e uma cozinha blues formada pelo baixo de Rodrigo Mantovani e a bateria Humberto Zigler. A viola de Vignini tem isso. Mais do que tornar moda sertaneja tudo o que toca, algo que definitivamente não acontece, ela faz o blues de alguma forma soar sobre as mais variadas bases. Isso talvez por sua afinação aberta, pelas blue notes que produz e pelo slide que usa às vezes, o efeito típico dos bluesmen extraído com seus bottlenecks, os gargalos das garrafas que os negros usavam deslizando-os sobre as cordas do violão. (Julio Maria - Estadão Conteúdo)