Um longo mergulho no interior de si mesmo
Mariana Rossi é atriz, educadora e escritora; o livro reúne textos produzidos nos últimos dez anos. Crédito da foto: Jeff / Divulgação
“À Mariana da década passada, que escreveu esse livro. A todos os eus que virão em mim, em você e em todos nós, com coragem”. A dedicatória traduz o estado permanente de transitoriedade e evolução artística da atriz, educadora e escritora sorocabana Mariana Rossi, que lança hoje o seu primeiro livro de poesias, “Líquida”.
O trabalho reúne textos escritos pela autora nos últimos dez anos, a partir de experiências cotidianas da vida de uma mulher que começou a escrever aos 11, para lidar com as próprias emoções. Em virtude das medidas de distanciamento social que se fazem necessárias pela pandemia do novo coronavírus, o lançamento será realizado de maneira virtual, com um vídeo produzido pela filmmaker Marina Hungria.
A publicação é resultado do projeto “eu-plural: criação de narrativas para o mundo”, contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura Municipal de Sorocaba (Linc), no edital de 2019, que prevê ainda a realização de oficinas gratuitas de criação de narrativas autorais. Devido ao contexto pandêmico, as oficinas também ocorrerão virtualmente ainda neste primeiro semestre de 2021.
Nas palavras do jornalista cultural Thiago Rizan, mestre em comunicação que assina a orelha do livro, “Líquida” é um convite a um mergulho. Em seu livro de estreia, cuja escrita é um convite à vertigem, a autora “opera na gramática dos silêncios, atravessando mundos sensíveis, fazendo emergir afetos no leitor que assina um contrato tácito no qual aceita ser arrebatado por uma viagem ao buraco de Alice, onde puxadores de gaveta falam, formigas sussurram e aspiradores de pó nos salvam de nossos pensamentos”.
Mariana relata que começou a escrever ainda criança e, de lá para cá, publicou textos em blogs, revistas, contribuiu com dramaturgias teatrais nas quais também atuou, roteiros e alguns textos chegaram a virar música. Nos últimos dez anos, portanto, a investigação da escrita ganhou força, perpassando experiências do início da vida adulta, incluindo a construção de sua liberdade enquanto mulher. É é desta produção de si que nasce “Líquida”, “uma tradução poética, caótica e corajosa de experiências vividas e sentidas ao longo dos dias”, afirma a artista.
Junto a desenhos produzidos pela autora na mesma época, os textos foram ganhando forma de livro ao longo de 2020, a partir do encontro com o olhar sensível e o projeto gráfico da artista visual e escritora Eliete Della Viola e de contribuições do artista visual Thiago Goya. O livro custa R$ 30 e pode ser adquirido pelo e-mail [email protected].
Sobre a autora
Mariana Rossi tem 33 anos e é atriz, educadora e escritora. Sua pesquisa com a palavra se ramifica entre diversas formas de expressão artística. Atuou como jornalista no ramo editorial, teve alguns de seus textos poéticos publicados em revistas digitais e foi colunista na revista Bianchini.
Estreou como atriz e cocriadora de dramaturgias no Coletivo Cê, na peça “Desmedida”, premiada pela Cooperativa Paulista de Teatro, em 2013. É cofundadora da plataforma de pesquisa cênica Cunhãntã, onde também investiga performance. Atualmente, é pós-graduanda em Arte na Educação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). (Felipe Shikama)