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Sorocaba para além dos limites da cidade

17 de Agosto de 2019 às 07:52

Sorocaba para além dos limites da cidade "Fera na Selva", com Paulo Betti e Eliane Giardini, foi gravado em cenários sorocabanos. Crédito da foto: Divulgação

Sorocaba e suas paisagens, ruas, costumes, pessoas e estilo de vida é fonte de inspiração para diferentes linguagens artísticas. Na semana do aniversário de 365 anos de fundação do município, o Mais Cruzeiro destaca algumas dessas obras, que dão protagonismo à “terra rasgada”, eternizam suas histórias e de seu povo.

Uma das menções mais ilustres à cidade é feita por meio da personagem fictícia Ana Terra, protagonista do romance “O tempo e o vento”, obra-prima do escritor brasileiro Érico Veríssimo (1905-1975), lançado em 1949. Ana Terra é uma sorocabana, de uma família de pioneiros gaúchos na saga histórica e regionalista que se desenvolve nos Pampas, onde hoje é o território do Rio Grande do Sul. “Acresça-se que no volume 2, ‘O retrato’, o autor diz que a maioria das famílias de Santa Fé eram de origem sorocabana”, afirma o professor de literatura André Damázio.

Sorocaba para além dos limites da cidade Ana Terra, de “O tempo e o vento”, do autor Érico Veríssimo, é uma das personagens sorocabanas mais famosas. Na versão mais recente da obra para o cinema, em 2012, foi vivida pela atriz Cléo Pires. Crédito da foto: Divulgação

Outro registro de Sorocaba, ainda mais antigo e desta vez não-ficccional, que evidencia a grandeza e importância da cidade, foi contada na peça teatral “Na feira de Sorocaba”, do dramaturgo Francisco Luiz d’Abreu Medeiros (1818-1890), encenada pela primeira vez em 1862 no Teatro São Rafael (atual sede da Fundec).

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Considerado uma das mais valiosas relíquias da história e das artes de Sorocaba, o texto do espetáculo de verve cômica foi resgatado há dois meses pelo jornalista, pesquisador e historiador Geraldo Bonadio. A obra, de 204 páginas, levou mais de três décadas para ser concluída.

E tem mais obra da literatura onde Sorocaba aparece: o livro “Resumo de Ana”, de Modesto Carone. Nesse caso, além da história se passar na cidade, o próprio autor é sorocabano. “Sorocabano, mas de projeção nacional. O texto é uma delícia. É ler algo da qualidade de um Machado de Assis, mas com nomes e topônimos com que temos familiaridade”, afirma Damázio. Ana mora na rua 13 de Maio, no Centro. Frequentava o templo da rua 15 de novembro, perto da praça do Canhão. A narrativa de sua história percorre Sorocaba, cita ruas, prédios e acontecimentos.

E se a cidade não estiver diretamente citada na obra, com certeza tem gente de Sorocaba a inspirando. Damázio lembra que o poeta rio-clarense Fagundes Varella vinha de São Paulo a pé até Sorocaba, por ter se apaixonado pela artista circense sorocabana Alice Guilhermina Luande. “Talvez, como poeta romântico, possa ter escrito alguns versos sobre a natureza da cidade, mas certamente há muitos poemas para certa musa. Uma musa sorocabana”, comenta. André ainda cita que em “Blecaute”, de Marcelo Rubens Paiva, o narrador e o personagem Mário nasceram em Sorocaba, e a cidade é citada ao longo do romance. “Estudaram no Estadão e fumavam escondido no banheiro”, ressalta.

Artes plásticas e música

Sorocaba para além dos limites da cidade Os grandes painéis de “Yby Soroc”, de Pedro Lopes, foram todos inspirados na cidade. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (9/8/2018)

A cidade e suas histórias também inspiram nas artes plásticas. Elas foram gravadas com tinta sobre tela por Pedro Lopes, nos vinte painéis de grandes dimensões que compõem a exposição “Yby Soroc” -- que, após ficar em cartaz por seis meses no Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (Macs), hoje mantém as telas.

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Ruas, becos e personagens históricos de Sorocaba também inspiraram as paisagens sonoras registradas no CD “Nas ruínas da terra rasgada” do quarteto de música instrumental Os Pontas. O título das composições fazem alusão a marcos da cidade como “Assombro da Hermelino”, que faz referência à rua Hermelino Matarazzo, onde está situado o Cemitério da Saudade, “Cruz de Ferro”, “Os canhões da 15”, uma referência à praça Arthur Farjado, e “Esgoto da Miranda”, esta última em alusão à rua Miranda Azevedo, na região Central.

Sorocaba também aparece no clipe “Passarinhos”, de Emicida e Vanessa da Mata. A menção à cidade se faz presente por meio de referência a uma saudosa atriz e escritora. Em um determinado momento do vídeo, o livro que o rapaz tira da prateleira é “Negra”, de Landa Lopes. Uma grata surpresa para o município. O olhar atento ao clipe foi do jornalista Pedro Guerra.

Sorocaba para além dos limites da cidade O clipe “Passarinhos”, mostra o livro de Landa Lopes. Crédito da foto: Reprodução

Ainda na área da música, um sorocabano ajudou a projetar o nome da cidade: Nilson Lombardi, pianista, compositor e maestro com uma vasta contribuição à música erudita do País. É autor do

Hino do III Centenário de Sorocaba, composto para canto coral.

O cinema

Se o assunto é cinema, a grande referência são os filmes de Paulo Betti. “Cafundó”, de 2005, é uma ficção inspirada no ex-escravo e “milagreiro” João de Camargo. Já a paisagem do município aparece no filme “A fera na selva”, também de Betti, que teve como locações endereços históricos como a Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, a Catedral, o prédio dos Correios da rua São Bento, a Estação Ferroviária e o antigo Teatro São Rafael, atual Fundec. A cidade também se faz presente por meio de seus artistas como Eliane Giardini, Cristina Labronici, Janice Vieira, Ademir Feliziani, Mario Persico, João Leopoldo e Clara Nolasco. (Daniela Jacinto e Felipe Shikama)

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