Séries provocam ‘tsunami’ espanhol no streaming
“A Peste”, na HBO, é uma superprodução digna de Hollywood. Crédito da foto: Julio Vergne / Movistar
O inesperado sucesso de “La Casa de Papel”, que estreou em 2017 na Netflix, provocou uma corrida por outras séries da Espanha. “As Telefonistas”, também de 2017, “Merlí”, que começou na verdade em 2015, e “Elite”, em 2018, entraram nas playlists de muitos espectadores. A indústria correu atrás, com a Netflix, a HBO, o Amazon Prime Video e a ViacomCBS abrindo centros de produção no país. O que era uma marola virou um tsunami.
Praticamente não passa mês sem o lançamento de uma nova série produzida na Espanha, e não só na Netflix -- que, aliás, estreou em março “Sky Rojo”, a nova produção dos criadores de “La Casa de Papel”. HBO e Amazon Prime Video também embarcaram na mesma onda.
Só o Amazon Prime Video tem pelo menos cinco séries espanholas disponíveis para os assinantes no momento. A ambiciosa “O Internato: Las Cumbres”, por exemplo, tem como cenário um rígido colégio interno para adolescentes considerados problemáticos, instalado num antigo monastério numa região remota da Espanha. Mas o lugar esconde um mistério, evidente depois de uma tentativa de fuga de dois dos jovens, Manu (Carlos Alcaide) e Amaia (Asia Ortega), e a aparição de pessoas usando as máscaras de pássaro que viraram símbolo da época da peste negra. “Creio que é uma boa maneira de honrar nosso país, cheio de mitologia, mistério, e que está produzindo séries tão potentes”, disse Ortega em entrevista por videoconferência.
“La Templanza”, que acabou de entrar no ar no Amazon Prime Video, vai à Espanha -- e ao México -- do passado, mais precisamente do século 19. O drama romântico, baseado no livro de Maria Dueñas, segue duas histórias paralelas até que o destino de Soledad Montalvo (Carla Campra na juventude e Leonor Watling na fase adulta) e Mauro Larrea (César Mateo e depois Rafael Novoa) se cruze. Ela é a rica herdeira de uma vinícola na região de Jerez, sujeita a casamentos arranjados para preservar a honra, a fortuna e a posição social da família. Enquanto isso, Mauro parte para fazer a América no México, acompanhado dos dois filhos pequenos, depois de perder a mulher no parto do caçula, Nicolás. Anos mais tarde, uma reviravolta faz com que Mauro precise rever sua vida.
“A Peste” chegou ao Brasil em plena pandemia, pela HBO -- que também estreou recentemente outras produções espanholas, como “Foodie Love”, “Arde Madri” e “Pátria” e se prepara para lançar “30 Monedas”, de Álex de la Iglesia. A série também vai à Espanha do passado, mais precisamente ao século 16. O personagem principal é Mateo Núñez (Pablo Molinero), na Sevilha no meio de mais uma onda de peste bubônica. Em troca de um perdão da sua sentença pela Inquisição, investiga uma série de assassinatos. A segunda temporada salta para cinco anos após o surto, quando Sevilha prospera novamente, mas enfrenta a superpopulação e a desigualdade social.
“A Peste” é uma superprodução digna de Hollywood. A primeira temporada, por exemplo, teve 130 locações diferentes, cenas com 2 mil figurantes e orçamento de US$ 1,7 milhão (cerca de R$ 9,8 milhões) por episódio, segundo a revista Variety.
A prova da robustez da indústria espanhola é que, além dos centros de produção estabelecidos pelas gigantes do ramo, o primeiro-ministro Pedro Sánchez anunciou na semana passada um plano para oferecer US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 11 bilhões) até 2025 para apoiar o cinema e a televisão espanhóis, encorajando grandes estúdios estrangeiros a filmar e estabelecer polos de produção no país. (Estadão Conteúdo)