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Secult quer que órgão discuta sobre ocupação do TMTV

22 de Março de 2019 às 05:01

Secult quer que órgão discuta sobre ocupação do TMTV O edital para uso do teatro municipal foi lançado pela Prefeitura no mês de janeiro. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (25/7/2012)

O Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC) vai discutir as diretrizes para o edital de chamamento de ocupação do Teatro Municipal Teotônio Vilela (TMTV) de 2020. A decisão foi tomada pelo secretário de Cultura, Werinton Kermes, após artistas e produtores locais reclamarem de suposta falta de transparência no processo de ocupação aberto no início deste ano.

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Conforme o edital lançado mês passado, dos 306 dias até o final do ano, apenas 123 datas estavam disponíveis. As datas indisponíveis para os produtores, de acordo com o calendário anexo ao edital, estavam reservadas pela própria Prefeitura, segundo esta, para receber e avaliar propostas de parcerias em projetos culturais viabilizados por leis de incentivo, como a Lei de Incentivo à Cultura de Sorocaba (Linc), Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria Estadual de Cultura e Lei Rouanet, bem de eventos culturais da própria administração municipal.

Porém, a Prefeitura não disponibilizou, à reportagem, quais são os eventos agendados para essas datas, alegando que “serão realizados nas datas reservadas, pois como qualquer teatro ou casa de espetáculos, a programação é fechada gradativamente conforme as parcerias vão sendo feitas”.

As datas reservadas pela prefeitura representam 60% do total e a maior parte delas está concentrada aos finais de semana, quando tradicionalmente os espetáculos atraem maiores bilheterias. Segundo a pasta, essas datas foram fechadas antes mesmo do processo de chamamento para que a Secult possa realizar parceria com projetos viabilizados pelas leis de incentivo e oferecer eventos gratuitos ou com preço popular, “além de poder promover ações em datas comemorativas, como a Virada Cultural, a Semana da Consciência Negra e Natal, por exemplo”. A nota acrescenta que “o primeiro pedido de Kermes” a Rodrigo Cintra, novo presidente do CMPC, “foi que o conselho discuta as diretrizes para o edital de chamamento de ocupação do TMTV do ano que vem”.

Privilégio

Proponente de um espetáculo contemplado no edital da Lei de Incentivo à Cultura (Linc), o ator Gui Miralha disse que teve dificuldades de conseguir agendar as datas para a temporada de seu monólogo no TMTV, apesar da proposta ter sido aprovada no ano passado com carta de anuência da direção do teatro. Em tom de desabafo, ele publicou um texto nas suas redes sociais na internet, na qual narrava os problemas para conseguir usar o espaço público. “Se não respeita a regra, que é para todos, é privilégio”, disse.

Outro produtor cultural, que preferiu não se identificar com medo de sofrer represálias, disse que a prática de reserva paralela de datas da Prefeitura, antes mesmo da abertura do edital público, já ocorre há vários anos. “Eu cheguei a ir ao teatro, em noites de sexta, sábado e domingo, nos horários que estavam reservadas, ao menos no edital, e não estava acontecendo absolutamente nada lá. É uma injustiça com os produtores, que não conseguem as datas que gostariam, e um péssimo exemplo de mau uso do espaço público”, completou.

Segundo a Secult, restaram oito datas que não tiveram interesse por parte dos participantes do edital de chamamento deste ano. Os interessados em utilizar essas datas deverão enviar proposta para o e-mail [email protected]. As datas remanescentes são 18 e 19 de abril; 19 de junho; 23, 30 e 31 de julho; e 6 e 7 de agosto. (Felipe Shikama)