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Romance tem como cenário a cidade das décadas de 20 e 30

19 de Agosto de 2018 às 17:27

Carlos Carvalho Cavalheiro é autor de 25 livros, dos quais três este ano. Crédito da foto: Divulgação

Ruas, becos, praças e fábricas têxteis da Sorocaba das décadas 1920 e 1930 são cenários do romance “Entre o sereno e os teares”, do escritor sorocabano Carlos Carvalho Cavalheiro. O livro acaba de ser publicado e está sendo vendido diretamente pelo autor, ao valor de R$ 25, pelo e-mail [email protected]. Reconhecido como um dos principais pesquisadores da história da região de Sorocaba na atualidade, Cavalheiro conta que, apesar de ser uma obra ficção, o ambiente do livro retrata como era Sorocaba naquela época, já que os personagens estão inseridos em um contexto permeado por uma série de episódios factuais da história.

Com 120 páginas, o livro que conta a história de Rodrigo Trindade, um malandro capoeirista apelidado de Meia-Volta, e Zilda, uma operária e militante anarquista, e é ambientado em meio a acontecimentos reais, garimpados nas diversas pesquisas feitas pelo autor há mais de 20 anos. “Eu fui guardando tudo aquilo que eu achava interessante em documentos, notícias e até propagandas de jornais antigos, mas que, por alguma razão, não se encaixava na minha pesquisa”, afirma.

O autor revela que greves, revoluções, cotidiano da cidade, fatos curiosos, crendices, tradições sorocabanas estão retratados no romance, que destaca também a perseguição e repressão policial aos adivinhos e às meretrizes, ocorridas respectivamente em 1927 e 1931. “É um romance com protagonistas subalternizados e invisibilizados pela historiografia. Tem todo um contexto histórico, mas é o cruzamento de dois modos de vida, o dele, da boêmia e o dela, do mundo do trabalho”, diz.

Cavalheiro pondera que “Entre o sereno e os teares” não se trata exatamente de um romance histórico, mas de uma ficção que transforma acontecimentos importantes, curiosos e inusitados como pano de fundo. O romance aborda, ainda, o advento das indústrias têxteis, o auge do anarquismo e o acelerado ritmo de aburguesamento da cidade. Há, também, a aparição de personagens reais como o delegado Américo de Carvalho, o jornalista Hilário Correia, a vereadora Salvadora Lopes e o místico João de Camargo.

A obra foi escrita entre os anos de 2012 a 2014 e publicada agora pela editora Costelas Felinas, de São Vicente. Produzido artesanalmente, o livro possui capa dura com “lombada” costurada à mão.

Autor de 25 livros, sendo a maior parte dedicado à história de movimentos e personagens da região -- dentre eles a “Memória operária”, “Notas para a história da capoeira em Sorocaba” e “Salvadora!”, biografia de Salvadora Lopes” --, Cavalheiro revela que, além de ser um desejo antigo de escrever um romance, esta foi uma forma de compartilhar seus achados para um público mais abrangente. “Desde criança o meu sonho era ser escritor. Foi uma experiência interessante publicar um romance. Eu já publiquei outros livros de ficção, mas eram contos, livro de humor e poesia”, afirma o autor que, somente neste ano, teve três livros lançados. Além de seu romance de estreia, publicou “Sorocaba Lusitana”, em parceria com Marcelo Carvalho Cavalheiro, e “Tá vendo aquele edifício, moço?: Lugares de memória, produção de invisibilidade e processos educativos na cidade de Sorocaba”.

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