Rita Lee revisita carreira literária
A artista reescreve sua obra infantil porque aposta nas novas gerações para a mudança do planeta. Crédito da foto: Guilherme Samora / Estadão Conteúdo
Enquanto o ano de 2020 vem sendo marcado pela imposição de limites provocada pela epidemia da Covid-19, Rita Lee parece mais solta do que nunca. OK, ela respeita seriamente o isolamento social, não pondo o pé fora de seu sítio no interior de São Paulo. Mas vem aparecendo publicamente como antes não fazia. Gravou um clipe em que canta Saúde, ao lado do marido Roberto de Carvalho. Também liberou vídeos educativos, mostrando, por exemplo, como se deve lavar as mãos adequadamente, destaca o Estadão.
Ainda ao lado de Roberto, anunciou que Rita Lee: Uma Autobiografia (2016), um de seus best-sellers, vai ganhar uma versão para o cinema e uma série de TV, tão logo a pandemia permita -- provavelmente com Mel Lisboa no papel principal. E agora mantém-se firme na escrita, colaborando na obra de amigas (escreveu a orelha do livro autobiográfico da apresentadora Xuxa, que deverá sair neste mês) e refazendo sua obra infantil: depois de relançar, no ano passado, versões atualizadas de Dr. Alex (que saiu em 1986) e Dr. Alex na Amazônia (1990), agora Rita volta ao mercado com novas edições de Dr. Alex e os Reis de Angra (1988) e Dr. Alex e o Phantom, novo título para Dr. Alex e o Oráculo de Quartz, que saiu em 1992.
Alex é um cientista que, transformado em um ratinho, inicia uma saga convidando as crianças a defenderem o meio ambiente. Como o tema se tornou ainda mais urgente nos últimos anos, Rita resolveu revisitar os textos e reforçar ainda mais a mensagem ecológica -- de quebra, os livros ganharam novas ilustrações.
“Uma vez, adotei um ratinho lindo. Papo vai, papo vem, ele me contou toda a sua história. E me disse que já havia sido gente! E mais: que se transformou em um rato para defender os bichos e a natureza. Gostei tanto que vou contar para vocês as aventuras de Alex”, escreve ela, iniciando as narrativas.
Aos 72 anos, Rita Lee está há oito longe dos palcos, vivendo mais perto da natureza, mas ainda conectada com o que acontece no planeta. Desiludida com a crescente degradação do meio ambiente, ela aposta nas novas gerações como responsáveis pela mudança necessária. Por isso, reescreve sua obra infantil e colabora na das pessoas que acreditam como ela.
“A única bandeira que carrego é a da defesa dos reinos mineral, vegetal e animal. Não é de agora que a Amazônia vem sendo estuprada, mas, como hoje, nunca se viu. E ainda fazem vista grossa. O mundo inteiro está vendo que o Brasil está ao deus-dará. Sou do tempo do Getúlio, yes, I’m fucking old, e de lá para cá, só piora”. (Ubiratan Brasil - Estadão Conteúdo)