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Reformulada, Frestas será on-line

20 de Setembro de 2020 às 00:01

Reformulada, Frestas será on-line Existe a expectativa de realizar uma exposição física a partir de março de 2021. Crédito da foto: Divulgação

Considerado um dos eventos mais importantes do calendário cultural de Sorocaba -- e da arte contemporânea do Brasil --, a 3ª edição de Frestas Trienal de Artes inicialmente prevista para ocorrer entre agosto a dezembro foi totalmente reformulada diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus. A mostra ganhará uma programação on-line que começa em outubro e prossegue até dezembro. Ainda sem confirmação, a unidade tem a expectativa de realizar uma exposição física a partir de março de 2021.

De acordo com a gerente adjunta do Sesc Sorocaba, Kátia Pensa Barelli, uma exposição presencial de porte semelhante às duas primeiras edições, em 2014 e 2017, que reuniram mais de 160 obras de mais de 60 artistas no estacionamento da unidade, está descartada. No entanto, a realização de algo mais modesto e, provavelmente híbrido, isto é, mesclando os ambientes presencial e virtual, está em sendo discutida pela instituição. “A gente tem o desejo de realizar o projeto expositivo, mas não sabemos ainda o formato”, comenta, ponderando que a decisão será norteada pelos critérios de segurança e saúde dos visitantes.

Com curadoria formada por Beatriz Lemos, Diane Lima e Thiago de Paula Souza, um trio anunciado em março de 2019 e que nos últimos anos tem se destacado por explorar as práticas curatoriais que abordam perspectiva decolonial e antifascista, a trienal começaria a confirmar a lista de artistas em fevereiro deste ano, mas todo o processo foi interrompido diante do avanço da Covid-19. “Chegamos à conclusão que seria impossível fazer da forma que ela merecia chegar ao público, então repensamos nela como Trienal 2020/2021”, afirma.

Diante dessa reformulação, a trienal passa a dar ênfase em dois programas que, nas edições anteriores, eram transversais: o programa de formação de professores e o programa de estudos com artistas convidados. “Esses programas sempre foram importantes, mas nesta edição terão espaço central”, destaca Kátia.

Reformulada, Frestas será on-line Kátia Pensa Barelli é gerente-adjunta do Sesc Sorocaba. Crédito da foto: Mirella Ghiraldi / Divulgação

Com duração de um mês e meio, com encontros semanais on-line, o programa de formação de professores será realizado em parceria com a Diretoria de Ensino de Sorocaba e a Secretaria de Educação do município e pretende capacitar 300 educadores da rede pública a olhar e compreender questões colocadas no mote curatorial e que, por sua vez, repliquem essas discussões junto aos seus alunos.

Já o programa de estudos com artistas convidados, também realizado em um ambiente de aprendizado virtual, terá início em partir de outubro, com quinze artistas que participam de um programa de estudos composto de atividades formativas cujo objetivo é fomentar práticas educativas radicais e, ao mesmo tempo, incentivar políticas de redistribuição e acesso. Apesar de estar ancorado no ambiente on-line, a ação, segundo Kátia, a exemplo de uma residência artística, é uma forma fazer com que os artistas criem ou fortaleçam raízes e diálogos com Sorocaba.

Os artistas convidados são Castiel Vitorino Brasileiro, Davi de Jesus do Nascimento, Denilson Baniwa, Denise Alves Rodrigues, Ella Vieira, Gê Viana, Iagor Peres, Jonas Van Holanda, Juliana dos Santos, Laís Machado, Luana Vitra, Pedro Victor Brandão, Rebeca Carapia, Sallisa Rosa e Ventura Profana. Ella Vieira é a única artista de Sorocaba a integrar o seleto grupo. que tem como assistente de curadoria a também sorocabana Camila Fontenele de Miranda.

Além desses dois programas, estão previstas ações on-line gratuitas e abertas ao público, como cursos, seminários, palestras, lançamentos editoriais e mostras de filmes e vídeos que serão anunciadas em breve.

Mote curatorial

Sob o título “O rio é uma serpente”, esta edição de Frestas é definida pelo Sesc como “uma cosmovisão das estratégias e negociações que constituem seu processo curatorial” e, segundo Kátia, será profundamente afetada e transformada pelas discussões e angústias trazidas pela pandemia. “A pandemia trouxe questão para todos e os artistas, é claro, não ficam alheios a isso. O projeto curatorial dialogava muito bem com algumas questões ligadas à pandemia, mas tudo isso alterou”, conclui. (Felipe Shikama)

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