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Prefeitura projeta parque em área do Casarão de Brigadeiro Tobias

19 de Março de 2019 às 04:41

Prefeitura projeta parque em área do Casarão

Proposta visa efetivar o Parque Histórico Brigadeiro Tobias, instituído por decreto em 2015, mais não detalha uso futuro do Casarão. Crédito da foto: Adival B. Pinto / Arquivo JCS (15/5/2014)

A Prefeitura de Sorocaba pretende transformar o entorno do histórico Casarão de Brigadeiro Tobias, situado no bairro de mesmo nome, em um complexo educativo e ambiental. A iniciativa foi apresentada ontem, em audiência pública organizada pela Secretaria de Planejamentos e Projetos (Seplan). A administração municipal, entretanto, admite que ainda não há orçamento disponível e prazos estabelecidos para a efetivação do projeto. Também ainda não foi definido qual será o futuro uso do casarão histórico e tombado.

 

A ideia da Prefeitura é estimular o desenvolvimento de atividades de caráter educativo e cultural, ambiental, recreativo e esportivo na área, efetivando o Parque Histórico Brigadeiro Tobias, instituído em 2015 pelo então prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB). De acordo com o decreto 21.618, a área de 117 mil metros quadrados que circunda o imóvel de taipa construído por volta de 1780, conhecido como Casarão de Brigadeiro Tobias, passa a ser uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, para fins de preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica, possibilitando o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

Em sua fala na abertura da audiência, o prefeito José Crespo disse que o parque “possivelmente não fica pronto nesse governo” e que a região de Brigadeiro Tobias possui vocação rural com forte potencial de ecoturismo. “Como a Estrada do Vinho, em São Roque, queremos que lá [em Brigadeiro] seja um pólo do turismo histórico e que possa dar renda e orgulho aos moradores”, afirmou.

O chefe do executivo destacou que a ideia de implantação do complexo educativo e ambiental partiu do jornalista, historiador e escritor sorocabano Sérgio Coelho de Oliveira. Autor de vários livros sobre a história de Sorocaba e de seus personagens, Sérgio Coelho falou que além de preservar o casarão tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) -- e que atualmente abriga o Centro Nacional do Tropeirismo -- o parque com “multi-destinação” poderia ganhar em seu entorno réplicas de uma oca e de uma casa de taipa, para homenagear os índios e os caipiras que ajudaram a formatar a identidade cultural sorocabana. “Esse é o meu sonho de sorocabano e vou lutar por isso enquanto eu puder”, afirmou.

Prefeitura projeta parque em área do Casarão

O historiador Sérgio Coelho de Oliveira teve a iniciativa de propor a criação do complexo. Crédito da foto: Divulgação

Arquitetos da divisão do Plano Diretor da Seplan, Ângela Cristina de Jesus e André Dias Gonçalves apresentaram as diretrizes do projeto, que prevê construção de trilhas pela mata, observatório de animais, quiosques e restaurante, além da recuperação de um lago próximo ao casarão. Os técnicos reiteraram que os estudos ainda estão em “fase embrionária” e que o próximo passo é a elaboração do plano de manejo da unidade de conservação que deve ser feito pela secretaria de Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema).

A iniciativa deve envolver, ainda, técnicos da secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho Turismo e Renda (Sedetter). Miriam Zacareli, titular da Seplan, informou que a população pode apresentar sugestões para o projeto até o dia 18 de abril, em uma consulta pública que está sendo feita pelo e-mail [email protected]. No encerramento desta etapa, acrescentou, será divulgado o cronograma completo das próximas etapas de implantação do complexo.

E o Casarão?

Servidora da Secretaria de Cultura (Secult) lotada no Casarão, Sonia Nanci Paes lamentou que, até o momento, o plano não garante a que o Centro Nacional do Tropeirismo permaneça sediado no casarão histórico. Desde que foi reaberto à população, em 2012, o imóvel reúne dezenas de objetos, entre indumentárias usadas pelos tropeiros e as chamadas “traias”, como são denominados os arreios, estribos e outras peças usadas em burros e mulas, que ajudam o visitante a compreender a importância, o modo de vida e a religiosidade dos tropeiros.

Todo o acervo faz parte de uma coleção particular pertencente a Álvaro Augusto Antunes de Assis, que atua há mais de cinco anos como voluntário no local. “Não se pode jogar uma pá de cal na história”, disse. O secretário de Cultura, Werinton Kermes, disse considerar justa a crítica da funcionária e afirmou que a prioridade da pasta, neste processo de implantação do parque, também é a preservação do patrimônio histórico. “É importante esse diálogo e esse respeito. Apesar de divergências, o nosso objetivo é um só”, minimizou. (Felipe Shikama)

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