Rui conta que a pandemia trouxe um impulso para a publicação. Crédito da foto: Divulgação

A angústia decorrente de um presságio de morte que sentiu no início da pandemia do novo coronavírus fez o publicitário sorocabano Rui Gianolla se lembrar do provérbio chinês que discorre sobre legado. “Achava que eu ia morrer mesmo e pensei, já plantei uma árvore, já tenho um filho. Então tenho que publicar um livro”, lembra.

Escritor compulsivo e por dever de ofício -- é redator publicitário --, ele recorreu às gavetas de seu apartamento aos HDs dos computadores, de onde pinçou algum volume de textos não-publicitários escritos nos últimos anos e decidiu enviar para um amigo, profissional do ramo editorial, para um primeiro parecer. A devolutiva foi animadora.

Com 53 anos de idade, a maior parte deles vivendo em São Paulo, o sorocabano se descobriu poeta e acaba de lançar seu primeiro livro intitulado “X”. A obra reúne dez textos, entre poemas e prosas poéticas, e é uma espécie de prelúdio para outro que planeja lançar, com cerca de 100 poemas, com o sugestivo título de mote publicitário: “O livro do Rui”. “Que é para as pessoas dizerem: você leu o ‘livro do Rui”? A ideia é criar uma intimidade [do leitor] com o autor.

Essa intimidade almejada, vale destacar, é resultado de um processo longo de encorajamento até decidir expor os próprios escritos que, de alguma forma, são uma forma se expor. Nesta prévia do “Livro do Rui”, “X”, que representa dez em número romano, o autor elenca dez textos que passeiam por temas variados como política, força da natureza, conquista e sedução.

Por ter as palavras como ferramenta de trabalho, Gianolla reconhece que seu processo criativo costuma ser intuitivo, fluído e espontâneo, seja resultante de observações da janela, dos passantes na calçada à tempestade que se forma, seja das reminiscências da infância em Sorocaba, do contato com a natureza na Represa de Itupararanga e do avô, que era dono de uma famosa loja de variedades da rua Álvaro Soares.

Características que são destacadas na apresentação do livro, assinada pelo escritor Jayme Serva, que faz analogia entre a poesia e a fotografia. “Uns apenas clicam e a imagem vem pronta, contrastada, múltipla, tagarela. Outros iluminam, preparam, focam, aproximam, afastam, firmam e, no fim, vê-se apenas um registro quieto, no máximo ornamental. Rui Gianolla é desses a quem a ponta dos dedos foi generosa”, assinala. O livro “X” custa R$ 47 a versão física (com Correio incluído) e R$ 27 a versão eletrônica e pode ser adquirido pelo site www.airx.com.br/olivrodorui. (Felipe Shikama)