Palhaço
Dia do Palhaço reforça a trajetória da palhaçaria no Brasil
Lei federal institui o Dia do Palhaço em 10 de dezembro e integra a data ao calendário cultural do país
Valéria Amoris
Amanhã, 10 de dezembro, é oficialmente o Dia do Palhaço no Brasil, estabelecido pela Lei 13.561/2017. A data reconhece a palhaçaria e destaca a importância da presença histórica dessa figura no universo circense.
Há cerca de dois séculos, companhias europeias passaram a incluir números de comédia e acrobacia em suas apresentações, criando espaço para personagens que evoluíram para o palhaço contemporâneo.
Nesse período, consolidaram-se dois tipos clássicos: o Clown Branco, que conduz a cena, e o Clown Augusto, responsável pela quebra da ordem e pelo humor. A dinâmica entre os dois estruturou grande parte dos números tradicionais do picadeiro.
Com o reconhecimento oficial da data, o Dia do Palhaço passou a ser adotado por grupos circenses, coletivos de teatro de rua, instituições culturais e administrações públicas em ações como apresentações, oficinas e atividades formativas. As iniciativas reforçam a palhaçaria como prática artística e expressão da cultura popular.
Sem registro em carteira, mas palhaço por profissão, Luiz Carlos Batista, 57 anos, conta que a relação com a arte começou ainda na infância, quando improvisava um pequeno circo sob um guarda-chuva aberto no quintal de casa. Nascido em Botucatu e morador de Sorocaba desde criança, ele afirma que nunca se afastou do palco. “Sempre gostei de fazer rir. Era algo que fazia parte do meu dia desde criança”, diz.
O primeiro emprego no circo veio em 1984, quando atuava sozinho no palco como comediante, apresentando piadas e sátiras musicais. Mesmo em cena, Batista conta que sentia falta de algo em sua atuação. A mudança ocorreu anos depois, quando decidiu pintar o rosto e assumir o personagem que o acompanha desde então. “Foi quando passei a maquiagem que entendi o que eu queria fazer. Ali percebi que era palhaço”, recorda.
Assim surgiu Paçokinha, personagem que se tornou presença constante em circos e ações culturais, levando riso a crianças de diferentes bairros e comunidades. “Sinto alegria e tranquilidade quando começo a me maquiar. Ser palhaço é um dom que carrego com muita satisfação”, conta.
No Brasil, a palhaçaria integra a história do circo itinerante desde o século XIX, quando companhias europeias circularam pelo território nacional com espetáculos que reuniam comicidade, acrobacia e música. Pesquisas sobre a formação do circo brasileiro mostram que esse processo resultou na criação de companhias familiares que viajaram por décadas pelas regiões do país, estabelecendo continuidade nas práticas circenses. Fontes como o Centro de Memória do Circo, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, registram a atuação de trupes e artistas em diferentes períodos, comprovando a presença constante da palhaçaria no cenário cultural brasileiro.
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