O Estrangeiro
Veneza: existencialismo e ameaça nuclear
Uma adaptação de “O Estrangeiro”, de Albert Camus, dirigida por François Ozon, e um thriller político sobre uma crise nuclear realizado por Kathryn Bigelow estão entre os destaques do Festival de Cinema de Veneza, na Itália, que conhecerá seu vencedor amanhã (7).
Para filmar “O Estrangeiro”, que relata a virada que dá a vida de um modesto funcionário na Argélia sob a colonização francesa após a morte de sua mãe, Ozon reencontrou os atores Benjamin Voisin e Rebecca Marder, com quem já havia trabalhado respectivamente em “Verão de 85” (2020) e “O Crime é Meu” (2023).
Nesta adaptação bem-sucedida em preto e branco da obra do existencialista francês Albert Camus, Benjamin Voisin interpreta Mersault, um personagem recluso, apático e de poucas palavras. Um registro ao qual Voisin não acostumou os espectadores.
“Eu teria adorado filmar na Argélia, teria gostado de filmar em Argel. Filmamos em Marrocos e correu muito bem, em Tânger”, reconheceu o diretor, em uma coletiva de imprensa, se referindo às relações complicadas entre a França e a Argélia. Para o cineasta, de 57 anos, seu filme deveria oferecer “uma visão atual sobre esta história”, ainda quente, e lamentou que, apesar de haver tantas “famílias francesas com vínculo com esse País não tenha sido feito um trabalho histórico suficiente de introspecção”.
Outro grande destaque é trazido pela diretora americana Kathryn Bigelow, que apresenta “Casa de Dinamite”, um thriller político ambientado na Casa Branca e com um míssil lançado por um agressor desconhecido em direção aos Estados Unidos. A cineasta de 73 anos, que realizou o oscarizado “Guerra ao Terror”, colaborou nesta ocasião com Idris Elba e Rebecca Ferguson. “Senti que era importante trazer essa conversa”, destacou a diretora em coletiva de imprensa. “Este é um tema global, o das armas nucleares (...): estamos realmente vivendo em uma casa de dinamite”, alertou.
Tanto “O Estrangeiro” como “Casa de Dinamite” fazem parte da seleção de 21 filmes que competem este ano pelo Leão de Ouro, que será conhecido hoje (6), por um júri presidido pelo americano Alexander Payne. (Da Redação, com AFP)