Letras
Evanildo Bechara, mestre da língua portuguesa e membro da ABL, morre aos 97 anos
Gramático morreu devido decorrência de falência múltipla dos órgãos
O Brasil perdeu Evanildo Bechara, gramático, professor e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ele faleceu aos 97 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de falência múltipla dos órgãos, nesta quinta-feira (22). O velório será realizado hoje (23), na sede da ABL, o horário ainda não foi definido.
Internado no hospital Piaci, em Botafogo, Bechara enfrentava complicações desde que fraturou o fêmur no ano passado. Apesar da luta, não resistiu.
Ocupa da Cadeira nº 33 da ABL desde 2000, Bechara era considerado uma autoridade incontestável no estudo da gramática normativa. Entre suas obras mais conhecidas estão Moderna Gramática, Bechara Para Concursos e Gramática Fácil, leituras obrigatórias para estudantes, professores e concurseiros de todo o país.
O presidente da ABL, jornalista Merval Pereira, lamentou a perda: “Evanildo Bechara era o maior especialista em língua portuguesa, com fama que ultrapassa nossas fronteiras. Foi o representante brasileiro na reforma ortográfica feita com Portugal”, destacou, classificando-o como uma “pessoa íntegra e cordial”.
Bechara nasceu no Recife, em 1928, e mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro. Órfão de pai, foi acolhido por um tio-avô para continuar os estudos. Aos 15 anos, conheceu o professor Manuel Said Ali, que o introduziu ao universo dos estudos linguísticos. Dois anos depois, publicou seu primeiro ensaio, Fenômenos de Intonação.
Ao longo da vida, acumulou honrarias acadêmicas e culturais: foi membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Galega da Língua Portuguesa e da Academia Brasileira de Filologia, além de receber títulos como doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra.
A morte do acadêmico ocorre no mesmo dia em que o poeta e crítico literário Paulo Henriques Britto foi eleito para ocupar uma das cadeiras da ABL. (Da Redação com Estadão Conteúdo)